Prefeitos fazem manifestação no salão verde da Câmara dos Deputados
Presidente da Confederação Nacional de Municípios,
Paulo Ziulkoski explicou que a manifestação "é um retrato da crise que
se abate sobre as prefeituras".
Inconformados com os poucos recursos em caixa para fechar as contas
neste fim de ano, um grupo de prefeitos invadiu o salão verde da Câmara
dos Deputados, nesta terça-feira (10) exigindo serem recebidos pelo
presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Eles
reivindicam aumento de dois pontos percentuais na parcela de tributos
que compõem o Fundo de Participação de Municípios (FPM).
Houve
tumulto, empurra-empurra e discussão com os seguranças. Os prefeitos
gritavam palavras de ordem, como "prefeitos unidos jamais serão
vencidos", e cantaram o Hino Nacional. O presidente da Confederação
Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski explicou que a
manifestação de hoje "é um retrato da crise profunda que se abate sobre
as prefeituras do Brasil" que, segundo ele, estão "totalmente
ingovernáveis diante da questão federativa".
"Estamos chegando ao
final do ano e os prefeitos estão sem condição de pagar seus
funcionários porque tudo foi repassado para as prefeituras", disse
defendendo que as leis votadas nas Casas Legislativas tenham sustentação
financeira necessária, com indicação de onde serão retirados os
recursos para cumpri-las.
"Esgotou-se o período em que a União
empurrava [gastos] goela abaixo das prefeituras. Os prefeitos estão
percebendo que não têm como assumir estes compromissos. Além disso,
Câmara e Senado têm que parar de votar direitos do cidadão sem indicar
onde está o dinheiro para pagar", ressaltou.
Ziulkoski citou o
projeto aprovado pelo congresso nacional que determina aumento do piso
do magistério em primeiro de janeiro, que trará impactos aos cofres
municipais superior ao aumento dos recursos que serão repassados por
meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
"Enquanto o
FPM vai aumentar 6% sobre a base de hoje, que é R$ 72 bilhões, e vai
aumentar R$ 4,5 bilhões, o aumento do piso do magistério vai trazer
impacto de R$ 10 bilhões às prefeituras do Brasil, então todo o fundo
não paga metade do que vai aumentar o piso do magistério que foi uma lei
votada nessa Casa", disse.
O presidente da CNM acredita que a revolta dos prefeitos terá impacto no processo eleitoral do ano que vem.
"Já
tem mais de 2 mil prefeituras gastando mais de 60% com a folha [de
pagamento] e vão ter suas contas rejeitadas. A crise se aprofunda nessa
direção e vai crescer muito no ano que vem e seguramente vai interferir
no processo eleitoral", disse.
Paulo Ziulkoski informou que os
prefeitos pretendem pressionar na tarde de hoje, parlamentares do Senado
e também representantes do Executivo federal. Ele acrescentou que está
programada para o ano que vem uma série de atos com o mesmo objetivo,
inclusive com mobilização popular.
"Este é o primeiro momento, no
ano que vem faremos outras grandes mobilizações populares para mostrar
esta realidade que o Brasil vive lá na ponta, onde o cidadão vive e
demanda serviços públicos e as prefeituras não têm como pagar",
acrescentou.
Segundo a assessoria do presidente da Câmara, Alves deve se encontrar com o grupo na tarde de hoje, onde eles estão concentrados
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