Ele disse que não teve coragem de provar da iguaria e disse também que a
governadora Rosalba Ciarlini, que também esteve presente, não gostou da
ideia.
Confira o que diz o blogueiro:
Nos últimos dias acompanhamos a repercussão de um fato polêmico em nossa
Região, que divide opiniões e chama a atenção da Imprensa de todo o
país. A proposta da Promotoria de Justiça da Comarca do Apodi, que
propõe inserir carne de jumento na alimentação dos detentos do Rio
Grande do Norte, cogitando ainda uma possível inclusão na merenda
escolar e na alimentação dos hospitais do nosso Estado.
Ontem enquanto a Governadora Rosalba Ciarlini (DEM), se encontrava na
vizinha cidade Apodi, para o lançamento do programa "RN Sustentável",
ela e sua comitiva, foram surpreendidos com a notícia de que, em um
restaurante nas proximidades do local onde acontecia o evento,
autoridades jurídicas e políticas de toda Região, participavam de um
almoço de degustação de carne de jumento, uma iniciativa visando
alavancar a discussão sobre a proposta do Promotor, Dr. Sílvio Brito. A
notícia não agradou nem um pouco a Governadora.
Até aqui este escrevinhador provinciano vinha adiando adentrar nesta
discussão. Preferi aguardar o desenrolar do fato, para poder obter
conclusões coerentes, uma vez que a questão polêmica é inédita na
história do Brasil.
Estando eu acompanhando o caso, tendo inclusive prestigiado o almoço
ontem na vizinha Apodi, onde, confesso, não encontrei apetite para
apreciar nenhum dos vaiados pratos a base da nova "iguaria", venho aqui
tecer opinião em face ao que considero prós e contra na questão.
Diante da nossa cultura alimentar e considerando a história do animal em
questão, consigo compreender a intensão do Promotor, Dr. Silvio Brito.
Chego a admirar sua coragem ao propor uma medida tão drástica, para
discutirmos uma situação à qual já perdura por décadas em nosso país,
principalmente no Nordeste, que é a presença dos jumentos nas estradas
estaduais e federais, causando inúmeros acidentes e ceifando muitas
vidas. No entanto, á decisão de inserir a carne do referido animal, seja
na alimentação dos detentos, na merenda escolar ou nos hospitais do
nosso Estado, não pode ser tomada apenas com base em resultados
satisfatórios de uma degustação. Muitos pontos devem ser levados em
consideração. Desde a nossa Cultura, a História do animal em questão,
Saúde Pública, os Direitos Humanos, a Proteção dos Animais, a Manutenção
da Espécia, sem contar com o risco da medida ser considerada retrógrada
e acarretar irreparáveis danos a imagem do nosso país, que infelizmente
já não é lá essas coisas.
Indo mais adiante, consigo compreender a angústia dos que representam a
APA (Associação de Proteção dos Animais) da nossa Região, vendo aumentar
o número de aminais detidos, as despesas com a alimentação e etc. Ao
mesmo tempo, não consigo compreender que tipo de proteção proporciona
uma Entidade que, se denomina Associação de Proteção dos Animais, mas
que, de pronto apoia uma proposta de abate destes animais, em grande
escala. Obviamente visando obter lucros com a comercialização das
centenas de animais que estão sob seu domínio.
Para finalizar, concluo que antipatizo publicamente a ideia. É válida a
forma abrangente e contundente como foi levantada a discussão sobre a
problemática carente de uma solução imediata e definitiva. Mas o caminho
proposto, na minha humilde opinião, não é o ideal. Se faz necessário
envolver todos os Órgãos competentes, bem como os poderes políticos
constituídos, e assim buscarmos uma ideia onde não aja a penalidade
injusta dos animais indefesos, onde não haja a descriminação de seres
humanos, no caso os apenados do nosso Estado, os quais em suas celas,
seriam praticamente obrigados a consumirem um alimento que nunca fez
parte da nossa cultura alimentar.
Por exemplo, poderia ser adotadas pelos governos municipais e
estaduais, em parceria com Entidades protetoras dos animais, medidas que
garantissem a manutenção e o controle da espécie em áreas específicas.
Por que não destinarmos um montante do dinheiro público para uma
finalidade tão justa, já que acreditamos de 2/3 destes recursos nos são
tirados pela corrupção?