O deputado estadual
reeleito José Dias (PSD) avalia que o candidato do PSD a governador,
Robinson Faria, é o favorito para vencer a eleição deste ano ao governo
do Estado. Entre os fatores que o levam a essa conclusão, cita que
Robinson chegou ao segundo turno, de forma que, para ele, isso era
inacreditável para o vice-governador. Já o candidato do PMDB, Henrique
Alves, segundo Dias, atingiu o que para o peemedebista era impossível:
chegar ao segundo turno, algo impensável.
“Todos os fatores
levam a se acreditar, sem muito esforço de raciocínio, que, na
realidade, Robinson é o favorito porque chegou aonde não acreditava. E
Henrique caiu onde era impensável que era possível cair, que foi o
segundo turno”, diz o deputado pessedista.
Ao abordar o
resultado do pleito do último domingo, José Dias disse que Henrique era o
franco favorito a vencer no primeiro turno. De acordo com ele, os
institutos de pesquisa favoreceram esse entendimento. Além disso, de
acordo com ele, o palanque de Henrique era praticamente invencível.
Ainda assim, não conseguiu ganhar no primeiro turno.
“No primeiro turno
havia favoritismo cantado em prosa e verso do candidato do acordão.
Mesmo alguns eleitores que votaram em Robinson, votaram acreditando que
Henrique teria condições de ganhar no primeiro turno”, disse o deputado.
Isso, de acordo com
ele, porque Henrique conseguiu que os institutos de pesquisas, através
de gesto de delicadeza, favorecessem esse entendimento. “Ao mesmo
tempo, Henrique montou uma invencível armada, composta pelas naus mais
poderosas que se poderia imaginar no RN. Todos os ex-governadores, todos
os senadores, cinco deputados federais, 21 deputados estaduais, mais de
130 prefeitos, maioria absoluta de vereadores, e, ainda assim, não
conseguiu ganhar no primeiro turno”.
Agora, segundo o deputado estadual reeleito, invertem-se totalmente os papeis. “Onde
você vai, as pessoas admitem, afirmam, acreditam que o favorito é
Robinson. Por quê?”, indaga José Dias. E ele mesmo responde: “Porque, na
realidade, essa invencível armada foi dispersada, por que não houve
cuidado logístico. O ônus que Henrique tem de promessas não cumpridas é
insuperável. O eleitor que levou a eleição para o segundo turno, votando
em Robério Paulino, em que pese a sua qualificação intelectual e moral,
foi um eleitor que votou não acreditando que seu candidato tinha
chance, mas protestando contra uma situação que todos que tem juízo
crítico sabem que era, e é, extremamente danosa ao RN. Esse eleitor
jamais vai votar no candidato do acordão. A tendência lógica, racional, é
que esse eleitor agora vote contra o candidato do acordão, no único
candidato que existe para ele exercer esse gesto, que é Robinson”, afirma.
José Dias afirma não
acreditar que um candidato que carregue o peso da rejeição de Henrique
Alves – uma média de 35% a quase 40% do eleitorado potiguar – seja
eleito para um cargo majoritário. “No meu entender é inimaginável que
um candidato com o peso da rejeição que Henrique carrega para eleição
majoritária, agora profundamente aumentada pelas inúmeras suspeitas que
pesem sobre ele, a saber, o problema da participação no esquema da
Petrobras, mais recente e mais notória, seja eleito para um cargo
majoritário”.
“Eleitor de Wilma vai dar o troco a Henrique. Atraíram ela para destruir”.
Para o deputado
estadual reeleito José Dias, o eleitor de Wilma, sentindo-se traído pelo
PMDB de Henrique e Garibaldi, vai dar o troco e votar em Robinson para
governador. “Eu sou suspeito porque votei em Fátima Bezerra para o
Senado, mas acho que tanto interesse quanto eu para derrotar Wilma tinha
Henrique e Garibaldi. E mesmo que Wilma seja forçada a se declarar
favorável a Henrique, o eleitor dela não perdoa: é independente”, afirma Dias.
Ele complementa o raciocínio afirmando que, nesses casos, o eleitor vota cobrando a fatura. “E
o eleitor de dona Wilma vai cobrar essa fatura. Como sempre votei
contra ela, porque era eleitor de Garibaldi, e como eleitor de Garibaldi
eu sempre votei contra ela, porque queria me vingar daquela derrota que
ela nos impôs (em 2006, na disputa ao governo), quando Garibaldi era
governador de férias, e dona Wilma derrotou a gente”, diz Dias, complementando que,
“da mesma forma que Wilma era considerada, quando a campanha iniciou, a
puxadora da chapa que ela faria parte, e foram fofando ela. Mas não
fomos nós (que fofamos ela). Nós não temos força nos inúmeros líderes do
PMDB que votaram em Fátima Bezerra. Quem tem essa força é Henrique e
Garibaldi. E o eleitor de dona Wilma sabe e entende isso. Ela não terá
nenhum controle no destino do eleitor dela. O eleitor dela vai dar o
troco. Agora, eu não estou mais. Ela foi derrotada duas vezes para o
Senado, então acabou. A vitória dela sobre Garibaldi, nós empatamos
agora com as duas derrotas dela. Essa derrota, porém, foi muito séria.
Atraíram ela para destruir”.
“Passivo de promessas de Henrique Alves é gigantesco”
José Dias afirma existir uma tendência pró-Robinson neste segundo turno.
“Há uma afirmação de que o candidato que sai na frente para o segundo
turno leva vantagem, mas, no caso específico do RN, quem entende de
pesquisas, e muita gente entende, ou de movimento político eleitoral,
sabe que, mais importante do que isso, porque o fundamental não é isso,
mas a tendência, e a tendência que se estabeleceu pelo próprio resultado
foi de crescimento de Robinson. O fato de Henrique não ter vencido no
primeiro turno já demonstra que, se demorasse mais 15 dias a eleição
certamente ele perderia no primeiro turno”.
Para José Dias, o
passivo de promessas de Henrique é um detalhe importante que favorece
Robinson, na medida em que o peemedebista, segundo as notícias que
chegam ao conhecimento do membro da Assembleia Legislativa, são de que o
presidente da Câmara dos Deputados não cumpriu promessas no primeiro
turno e não cumprirá no segundo. Além disso, o tempo de TV será igual
para os dois candidatos, diferente do primeiro, quando a multidão de
partidos favoreceu a propaganda de Henrique.
“Agora, o tempo de
TV é igual, então a vantagem de comunicação com o povo que Henrique
tinha com os outros acabou. O passivo de promessas que Henrique fez é
gigantesco. Se ele não cumpriu no primeiro turno, ele não vai cumprir
agora. Esse país ainda não foi passado a limpo, mas estamos vendo que a
coisa está apertando. Os grandes alimentadores das campanhas, e estamos
vendo todos os depoimentos, que dizem que a Petrobras foi a grande
financiadora através das empresas, mas o dinheiro saiu do bolso do povo,
do caixa da Petrobras, a grande alimentadora da campanha de 2010. E
aqui esse dinheiro jorrou. Como aqueles poços de petróleo”, diz Dias.
Sobre corrupção, Dias
afirma que, no caso da Petrobras, não estão nos bancos dos réus apenas
políticos e burocratas, mas empresas. “Na realidade, a vantagem que
Henrique pensava ter, essa vantagem, todas elas estão
desmilinguidos Acabaram. A máquina não funcionou. O tempo de TV passa a
ser igual. Os abastecedores estão se escondendo. E não acredito que haja
outra fonte. E sabemos que quem não cumpre promessa não vai para o
céu”, diz.
Fonte: Jornal de Hoje