- Publicado em 02 de Fevereiro de 2014
- : por Redação
Moradores convivem com esgotos a céu aberto - CacauDiretamente
relacionado às condições de saúde da população, o sistema de saneamento
básico contempla hoje 55% da cidade de Mossoró. Os números, apesar de
serem comemorados pelas autoridades da área, não entusiasmam a
população, que constantemente denuncia os transtornos causados pela
ausência do serviço em várias partes do município.
Balanço da
Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) comprova a
insatisfação da população: enquanto 99% da região central de Mossoró é
saneada, nas demais áreas o percentual é bem menor: a zona sul possui
hoje 38% de cobertura, a leste 55% e a região oeste apenas 20%.
“O
saneamento está sendo ampliado e as obras do projeto Sanear RN, com
recursos assegurados, farão com que a cobertura seja ampliada para 86%. A
cobertura de esgoto, hoje, já supera os 60% da população mossoroense. O
índice atual da cidade a deixa bem colocada em um patamar nacional.
Contudo, para nós, o satisfatório é a totalização do saneamento na zona
urbana, o que sempre estaremos perseguindo, pois a cidade está sempre
crescendo”, afirma o presidente da Caern, Yuri Tasso.
Executadas
através de recursos concentrados no Governo Federal, as obras de
esgotamento sanitário são de responsabilidade dos três entes
federativos. Ao longo de 2013, em Mossoró nenhum novo serviço foi
realizado, apenas obras que já estavam em andamento tiveram
prosseguimento.
"Tivemos a conclusão da Estação Elevatória de
Esgotos do Planalto, possibilitando ligações na região. Além disso, a
prefeitura realiza obras de esgotamento nos bairros Belo Horizonte,
Abolição III e IV. Especificamente em Mossoró, a Caern e a prefeitura
têm trabalhado de mãos dadas, no tocante à colaboração para realizar os
trabalhos", detalha Yuri Tasso.
Apesar de ter consciência da
importância do serviço, a população reclama frequentemente dos danos
causados pelas obras de saneamento, relatando que a Caern danifica as
vias, deixando-as muitas vezes intransitáveis e demorando a
consertá-las. Segundo o presidente da Companhia, fatores externos
dificultam a minimização desses transtornos.
"Neste sentido,
prefeitura e Caern têm trabalhado para minimizá-los, mas nem sempre com
êxito, por fatores externos à nossa vontade. Por exemplo, às vezes, a
intervenção é mais demorada por encontrar rochas ou interferências de
outros serviços, como gás, telefone ou drenagem. Além disso, atraso no
repasse dos recursos também interfere no desenvolvimento da obra;
condições climáticas, questões técnicas pouco conhecidas da população, e
outros fatores", pontua.
Bairros sem saneamento concluído sofrem com esgotos a céu aberto
Iniciada
em 2007, a implantação da Bacia 7, que compreende os bairros Alto da
Conceição, Lagoa do Mato, Belo Horizonte e Carnaubal, até hoje não foi
concluída, ocasionando revolta entre os moradores que precisam conviver
com esgotos a céu aberto em grande parte dessas localidades.
Na rua
Sousa Leão, no bairro Belo Horizonte, os moradores já não sabem mais o
que fazer para lidar com a situação. "Se o saneamento tivesse pronto,
com certeza traria muitas melhorias para o bairro, enquanto isso temos
que suportar o mau cheiro vindo dos esgotos, os mosquitos, insetos, essa
é a nossa realidade hoje", diz a dona de casa Maria José.
Moradora
da rua Marinho Dantas, também no Belo Horizonte, a dona de casa Delzuíte
Freitas lamenta que mesmo após tanto tempo do início das obras, a rede
de esgotamento sanitário não esteja em funcionamento. "Foi um serviço
feito pela metade e muito malfeito. Hoje poderíamos estar desfrutando de
inúmeros benefícios, mas temos que nos acostumar com a água podre",
relata.
Cansados de esperar pela conclusão da obra, algumas pessoas
decidiram fazer a ligação da Bacia 7 por conta própria no BH, resultando
em novos transtornos. "Tem um ponto do bairro que quando estoura
ninguém suporta o mau cheiro, a situação é terrível, infelizmente", diz
Delzuíte Freitas.
A ausência de saneamento básico prejudica até
instituições de ensino. Estudantes da Escola Estadual Justiniano de
Melo, localizada na rua Dom Helder, ainda no BH, precisam, diariamente,
desviar do esgoto formado em frente à escola. A equipe de reportagem do
jornal O Mossoronese flagrou o exato momento em que alunos das séries
iniciais deixavam a escola e se deparavam com a situação.
"É uma
falta de respeito. Tenho dois filhos matriculados aqui, de sete e seis
anos de idade, e fico preocupada com esse abandono. Um esgoto em frente a
uma escola não deveria existir. Em outras regiões, como o bairro Nova
Betânia, isso não acontece, estamos abandonados", denuncia a dona de
casa Francinadja Maxiane.
Cobertura cresce média de apenas 2,5% por ano
Ao
longo dos últimos 18 anos, a área coberta em Mossoró cresceu 2,5% ao
ano, subindo de 9%, em 1996, para 55% de regiões saneadas atualmente. "A
partir de 1996, quando era de 9% a cobertura, até os dias atuais, houve
incremento dos recursos nas esferas municipal e estadual para avanço da
cobertura de esgotamento", frisa o presidente da Caern.
No Estado, a
cobertura atinge hoje 27,6% da população. A expectativa da Caern é que
esse índice salte para 80% nos próximos dois anos, através das ações do
projeto Sanear RN, ação do Governo do Estado que promete investir R$ 1,4
bilhão em 19 municípios potiguares, com a implantação de 1,6 mil
quilômetro de rede de esgoto, além da construção de estações de
tratamento e 50 estações elevatórias de esgoto.
"O plano de ação
Sanear RN, no qual Mossoró está incluso, não é fixo. Hoje os recursos
garantidos são para atingir 80% da cobertura, sendo R$44 milhões para
esgotamento e R$126 milhões para abastecimento na cidade", comenta Yuri
Tasso.