9 de junho de 2014
Deputado do PSD, José Dias falou ao Blog neste domingo sobre a decisão
da colega de Assembleia e de partido, Gesane Marinho, de não mais
disputar a reeleição como esperado.
Dias confessa que ficou surpreso por acreditar que Gesane tinha uma
reeleição garantida e não acredita em falta de interesse da parte da
chapa majoritária.
Tio afim do governadorável Henrique Alves (PMDB), José Dias acusa o
presidente da Câmara de garantir apoio em troca de ofertas financeiras.
Thaisa Galvão - Como o senhor avalia a decisão de Gesane?
José Dias - Na minha visão não passa, por hipótese alguma pelo
desinteresse da chapa majoritária em relação à proporcional. Houve
empenho indiscutível e eu sou partícipe interessado. Houve todo esforço
de Robinson e Fátima para que houvesse a aliança na totalidade. Algumas
pessoas do PT entenderam que não era conveniente para a proporcional do
PT e apesar de ser um grande equívoco, nós não podemos impor.
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Thaisa Galvão - O senhor não acha que isso prejudicou?
José Dias - Na minha visão, e eu defendi desde a primeira reunião, a
união em todos os níveis beneficiaria a chapa majoritária. Nunca pensei e
ainda não penso que haja prejuízo para a proporcional. Não tenho a
menor dúvida que temos possibilidade de fazer 3 deputados estaduais.
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Thaisa Galvão - Mesmo sem Gesane?
José Dias - Mesmo sem Gesane. Nossa nominata está sendo construída.
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Thaisa Galvão - Mas essa nominata não seria mais forte com os votos de Gesane?
José Dias - Não podemos desprezar os votos de Gesane que, no meu ponto
de vista, tinha reeleição garantida. A saída de Gesane foi construída
por uma decisão dela, pelo que me confessou, pelo desestímulo em ser
candidata. Não passou por desinteresse outros. Mas, isso não será fator
para inviabilizar nossa chapa, até porque os eleitores que iam votar
nela é um eleitorado fiel, engajado. É um voto pessoal a ela, mas,
politicamente engajado na nossa luta.
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Thaisa Galvão - O senhor acredita que o voto dela permanecerá no grupo?
José Dias - O voto dela não será transferido para os adversários. Claro que há uma proporção que vai.
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Thaisa Galvão - A decisão dela não teria sido para dar lugar à
candidatura do irmão, vereador do PMDB, aliado do pré-candidato a
governador Henrique Alves?
José Dias - Não posso dizer que sim nem que não.
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Thaisa Galvão - E se de repente Gesane estiver no palanque de Henrique, o senhor vai se surpreender?
José Dias - Não vou achar nada. O eleitor que votou nela é que vai ter
que achar. O que eu acho mais importante de se observar nesse processo é
o avanço, sem medo de estar pecando.
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Thaisa Galvão - A deputada Gesane Marinho não estaria sendo assediada...
José Dias - É claro que por trás disso tudo há uma articulação do
'acordão'. O presidente da Câmara, o terceiro homem mais importante da
República, não conseguiu tirar as candidaturas de Robinson e Fátima. E
como ele acha que só ganha a eleição por WO, há em marcha uma
articulação para desarticular nossa chapa proporcional. Tenho convicção
absoluta que da mesma forma que Robinson e Fátima resistiram a acenos,
ofertas e pressões, os nossos candidatos também vão resistir.
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Thaisa Galvão - Que tipo de oferta o senhor se refere?
José Dias - Voto, eleição e oferta mesmo de ajuda financeira.
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Thaisa Galvão - O senhor está dizendo que Henrique ofereceu dinheiro? A quem?
José Dias - Oferece a todos. Ele acha que cobre o preço de todo mundo. Dinarte Mariz não dizia que todo homem tem seu preço?
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Thaisa Galvão - O senhor acha que todo homem tem seu preço?
José Dias - Parece que o presidente da Câmara encucou isso na cabeça. Eu
acho que o preço das pessoas não é só avaliado pelo material fabricado
na Casa da Moeda. Muitos ainda tem um preço moral, e nisso aí, eu vou
dizer uma coisa, acho que Henrique não está muito rico não.
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Thaisa Galvão - O senhor acha que houve oferta para Gesane?
José Dias - Não posso dizer que sim nem que não, mas acho que está perto de termos uma revelação.
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Thaisa Galvão - Quem faria tal revelação?
José Dias - O comportamento das pessoas. As pessoas se revelam.
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Thaisa Galvão - O senhor acha que a decisão de Gesane é irreversível?
José Dias - Não sei. Gostaria que fosse apenas uma notícia sem fundamento.
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Thaisa Galvão - Gesane disse na nota que anunciou sua decisão, que havia
compromisso de transferência de bases e que isso não teria ocorrido.
José Dias - Acredito que as bases que ela teve com apoio de Robinson na
eleição passada deram a ela 48 mil votos. Além dos 20 mil da capital
foram 28 mil do interior, e todas essas bases foram mantidas. E a
deputada sabe porque tem experiência, que o crescimento da campanha de
Robinson, como está acontecendo, facilita o apoio de lideranças.
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Thaisa Galvão - O PT tem culpa nessa crise, por ter dificultado a coligação?
José Dias - Não posso culpar o PT porque o PT na sua totalidade não foi responsável. Foram responsáveis algumas pessoas do PT.
Fonte: Thaisa Galvão