15 de mar. de 2014

Blogueiro opina sobre consumo da carne de jumento e diz que governadora também não gostou da ideia


O blogueiro Erinaldo Silva, do blog de mesmo nome, esteve presente no almoço a base de carne de jumento oferecido ontem (13) no Apodi a autoridades.
Ele disse que não teve coragem de provar da iguaria e disse também que a governadora Rosalba Ciarlini, que também esteve presente, não gostou da ideia.
Confira o que diz o blogueiro:
Nos últimos dias acompanhamos a repercussão de um fato polêmico em nossa Região, que divide opiniões e chama a atenção da Imprensa de todo o país. A proposta da Promotoria de Justiça da Comarca do Apodi, que propõe inserir carne de jumento na alimentação dos detentos do Rio Grande do Norte, cogitando ainda uma possível inclusão na merenda escolar e na alimentação dos hospitais do nosso Estado. 
Ontem enquanto a Governadora Rosalba Ciarlini (DEM), se encontrava na vizinha cidade Apodi, para o lançamento do programa "RN Sustentável", ela e sua comitiva, foram surpreendidos com a notícia de que, em um restaurante nas proximidades do local onde acontecia o evento, autoridades jurídicas e políticas de toda Região, participavam de um almoço de degustação de carne de jumento, uma iniciativa visando alavancar a discussão sobre a proposta do Promotor, Dr. Sílvio Brito. A notícia não agradou nem um pouco a Governadora. 
Até aqui este escrevinhador provinciano vinha adiando adentrar nesta discussão. Preferi aguardar o desenrolar do fato, para poder obter conclusões coerentes, uma vez que a questão polêmica é inédita na história do Brasil. 
Estando eu acompanhando o caso, tendo inclusive prestigiado o almoço ontem na vizinha Apodi, onde, confesso, não encontrei apetite para apreciar nenhum dos vaiados pratos a base da nova "iguaria", venho aqui tecer opinião em face ao que considero prós e contra na questão. 
Diante da nossa cultura alimentar e considerando a história do animal em questão, consigo compreender a intensão do Promotor, Dr. Silvio Brito. Chego a admirar sua coragem ao propor uma medida tão drástica, para discutirmos uma situação à qual já perdura por décadas em nosso país, principalmente no Nordeste, que é a presença dos jumentos nas estradas estaduais e federais, causando inúmeros acidentes e ceifando muitas vidas. No entanto, á decisão de inserir a carne do referido animal, seja na alimentação dos detentos, na merenda escolar ou nos hospitais do nosso Estado, não pode ser tomada apenas com base em resultados satisfatórios de uma degustação. Muitos pontos devem ser levados em consideração. Desde a nossa Cultura, a História do animal em questão, Saúde Pública, os Direitos Humanos, a Proteção dos Animais, a Manutenção da Espécia, sem contar com o risco da medida ser considerada retrógrada e acarretar irreparáveis danos a imagem do nosso país, que infelizmente já não é lá essas coisas. 
Indo mais adiante, consigo compreender a angústia dos que representam a APA (Associação de Proteção dos Animais) da nossa Região, vendo aumentar o número de aminais detidos, as despesas com a alimentação e etc. Ao mesmo tempo, não consigo compreender que tipo de proteção proporciona uma Entidade que, se denomina Associação de Proteção dos Animais, mas que, de pronto apoia uma proposta de abate destes animais, em grande escala. Obviamente visando obter lucros com a comercialização das centenas de animais que estão sob seu domínio. 
Para finalizar, concluo que antipatizo publicamente a ideia. É válida a forma abrangente e contundente como foi levantada a discussão sobre a problemática carente de uma solução imediata e definitiva. Mas o caminho proposto, na minha humilde opinião, não é o ideal. Se faz necessário envolver todos os Órgãos competentes, bem como os poderes políticos constituídos, e assim buscarmos uma ideia onde não aja a penalidade injusta dos animais indefesos, onde não haja a descriminação de seres humanos, no caso os apenados do nosso Estado, os quais em suas celas, seriam praticamente obrigados a consumirem um alimento que nunca fez parte da nossa cultura alimentar. 
Por exemplo, poderia ser adotadas pelos governos municipais e estaduais, em parceria com Entidades protetoras dos animais, medidas que garantissem a manutenção e o controle da espécie em áreas específicas. Por que não destinarmos um montante do dinheiro público para uma finalidade tão justa, já que acreditamos de 2/3 destes recursos nos são tirados pela corrupção?

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