9 de jul. de 2013

Congresso rejeita o plebiscito. Quem espera que bananeira dê jaca?

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, anunciou, sem muito constrangimento, que o plebiscito da reforma política não vai sair para valer em 2014.
Há reclamações do PT e e alguns outros deputados da base, mas Sua Excelência, agora que está redimido pelos R$ 9,7 mil que pagou pelo avião da FAB que pediu para ir ao Maracanã, está pronto para receber os elogios da mídia, porque, tão ajuizado que é, decretou o que ela já havia decretado: nada de ouvir o povo brasileiro.
Porque é isso. O plebiscito que não vale para 2014 e  dizer que valeria para 2016 é, simplesmente, uma mentira.
Aliás, sua cúmplice, a mídia, jamais chama a atenção para isso.
Não vale para 2016, mesmo que fosse convocado – o que já seria um milagre –  não ia produzir efeitos numa eleição municipal como a daquele ano. Vereador é, aqui ou em qualquer lugar do mundo, o menos político dos mandatários eletivos.
E olhe lá se não é provável que no lugar do plebiscito haja um referendo que é aquilo, no máximo, vão aprovar. Pior, com regras muito mais elitistas e retritivas do que têm hoje as eleições.
Peço emprestada a frase do velho Brizola: acham que a raposa vai fazer o que se lhe dão o galinheiro para tomar conta?
Neste caso, centenas de raposas, espertíssimas, de olho em seus próprios mandatos e negócios políticos.
É de sua própria natureza conservarem as regras tortas que os conduziram ao mandato.
Minha avó me dizia para não brigar com as bananeiras se elas só dessem bananas, não dessem jacas.
Se eles foram assim, do nosso lado não fomos como deveríamos ir.
Embora a Presidenta tenha, repetida e incisivamente, dito que queria o plebiscito, não quis apertar quem precisava ser apertado para isso.
1- O TSE, com seu orçamento bilionário gasto em urnas eletrônicas e agora nesse recadastramento biométrico – esse aí, sim, podia ser feito junto com as eleições normais – diz que precisa de 70 dias para fazer uma votação com cinco ou seis “sim ou não”. No papelzinho ia mais rápido. Na Venezuela, eles fizeram eleição presidencial – e naquele clima de guerra – em apenas 39 dias.
2 – Os seus agentes políticos junto ao Parlamento, Michel Temer e José Eduardo Cardozo, que passaram o tempo mentindo e desmentindo, sempre para desmoralizar e inviabilizar a proposta presidencial. Os dois, certamente, não dão jaca.
3- A sua estrutura de comunicação, que sempre a deixou distante e sendo “digerida” pelos canais convencionais de informação. Um minuto de Dilma falando sim e dez de políticos, cientistas políticos e âncoras reacionários falando não, assim não dá.
4- A articulação com Lula, sem o que não faria uma mobilização nacional por esta mudança. O ex-presidente, o maior entusiasta de uma reforma política no Brasil, por falta desta articulação, recolheu-se e esperou ser chamado. Será que alguém consegue imaginar o que seria, em lugar de Temer e Cardozo, ser Lula quem, como Ministro Extraordinário para a Reforma Política, entrar naquele congresso levando nas mãos a proposta do plebiscito?
Mas assim foi. Não vai dar tempo.
Suas excelências estão muito ocupados para ouvir o povo brasileiro.
Isso é um detalhe desprezível, não tem importância.
Por: Fernando Brito

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