7 de jul. de 2017

O arquétipo


gedel

O clássico baiano simpático, engraçado e falastrão. Desbocado, machista e homofóbico, gorducho roedor de unhas, na escola de ensino médio de Brasilia, Geddel era chamado de “o suíno” pela turma de seu colega Renato Russo. O “suíno” queria se enturmar com eles, que eram ótimos estudantes, entrar para o seu grupo de trabalho e se beneficiar das suas boas notas sem fazer esforço. Nunca conseguiu. Mas conseguiu entrar para a política baiana, onde sua família sempre esteve. Deputado federal, escapou milagrosamente do escândalo dos anões do Orçamento, mas ousou brigar com Antônio Carlos Magalhães, que o grampeou e o fuzilou com três vídeos que fizeram Brasília gargalhar: “Geddel vai às compras”, “As primeiras gatunagens de Geddel” e “O agatunado”, denunciando que seu patrimônio triplicou em quatro anos de deputança e revelando a sua vocação para gatuno serial, só agora reconhecida oficialmente pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira.


 Já deveria estar preso desde 1998 por suas estripulias no governo FHC, mas chegou a ministro da Integração Nacional no segundo governo Lula (no primeiro era oposição “radical”… rsrs; depois aderiu) e finalmente a “amigo fraterno”, braço-direito e mão longa de Temer na articulação politica com o Congresso, para manter a base aliada a todo custo. Uma especialidade de Geddel, lidar com parlamentares e custos, negociar, seduzir, ameaçar, intimidar, nomear, demitir, comprar e vender. Estava indo muito bem, para os planos de Temer, até cair depois do escândalo do apartamento de Salvador, denunciado pelo ex-ministro Marcelo Calero. Preso, tem toda a pinta de delator. Geddel está acabado, mas ainda há muitos aspirantes a Geddel no Nordeste e em todo o Brasil, com o estilo palavroso e bravateiro do político voraz e esperto, misturando o pitoresco regional com o cinismo e a ganância sem escrúpulos, mas amplamente aceito na sociedade, que finge que não sabe quem ele é e o que sempre fez. Mas por que falar de Geddel entre tantos agatunados? Porque ele foi além e se tornou um arquétipo de político brasileiro que, além de extinto, merece ser estudado. Por Nelson Motta

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