No Nordeste do Brasil, a Agência Nacional de Águas decidiu limitar o
uso dos reservatórios do Rio Grande do Norte só ao consumo humano. O
nível dos açudes está muito baixo. Os 327 reservatórios dos nove estados
do Nordeste e de Minas monitorados pelo Departamento Nacional de Obras
contra a Seca estão em média com 23% da capacidade de armazenamento. O
Rio Grande do Norte é o quarto com o menor nível.
A maior barragem do estado, está hoje com pouco mais de 28% da
capacidade. É a pior situação desde a inauguração em 1983. Quinhentas
mil pessoas dependem desse reservatório. Em Caicó, a barragem está com
menos de 10% da capacidade. Mato seco em vez de água. O nível do
reservatório chegou ao volume morto e o abastecimento das cidades ao
redor está comprometido.
“Em função dessa seca que assola a nossa região, os bairros estão em
sistema de rodízio. Os bairros da cidade de Caicó, 48 horas com água e
48 horas sem água”, diz Bruno Medeiros, engenheiro da CAERN Falta água
para as pessoas e para os animais. Numa fábrica de queijos, a crise já
gerou um corte de 30% na produção. Em um ano, a empresa, que tinha 15
funcionários, teve que demitir três. “Agora, pro final do ano, a gente
espera ainda que a situação seja agravada”, aponta Alane Kaline Araújo,
gerente da queijaria.
E é a mesma expectativa da meteorologia, que nunca registrou seca
desse porte. “No período de 79 a 83, a média anual de chuva ficou em
torno de 580 milímetros. E, agora, nesse último período seco, inclusive
nós estamos vivendo, ele está em torno de 380, 400 milímetros”, explica
Gilmar Bristot, meteorologista. E, se água não vem do céu, a alternativa
é buscá-la no subsolo. “De fevereiro para cá, nós já perfuramos mais de
150 poços. A meta é que a gente perfure, pelo menos até setembro, no
mínimo mais 46 poços instalados”, diz o secretário de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte, Mairton França.
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