- Publicado em 30 de Janeiro de 2014
-
: por Redação
Setor de captação de órgãos e tecidos fica instalado no HRTMDiferentemente
de anos anteriores, ao longo de 2013 o Hospital Regional Tarcísio Maia
(HRTM) não registrou nenhuma doação de órgãos. O resultado vai de
encontro ao balanço mais recente do Ministério da Saúde, apontando que o
número de doadores dobrou no Brasil em dez anos, saltando de 7,5 mil
para 15.141 cirurgias realizadas no país.
Segundo a coordenadora da
Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplantes (Cidotti) do HRTM, Antônia Ivanete, uma série de fatores
influenciou diretamente o balanço negativo de 2013. Entre eles, mudanças
na equipe da Central de Transplante da Secretaria de Estado da Saúde
Pública (Sesap).
"A pedido de Natal, tivemos que suspender a captação
de córneas durante determinado período, pois a equipe da capital estava
sendo substituída e os novos gestores queriam promover a capacitação do
pessoal aqui em Mossoró", diz Antônia Ivanete.
Outra dificuldade
destacada pela coordenação da Cidotti diz respeito à falta do aparelho
de eletroencefalograma, que atesta morte cerebral. "O aparelho foi
emprestado para Natal e até agora não foi devolvido. Já protocolamos a
devolução. Quando é preciso fazer o diagnóstico, uma equipe da capital
se descola a Mossoró com o aparelho. A coordenação continua funcionando,
de acordo com as nossas limitações", relata Antônia Ivanete.
Apesar
dos obstáculos estruturais, a expectativa para este ano é que as
doações voltem a ocorrer. "Já começamos o ano com o pé-direito,
realizando captação múltipla de órgãos de um paciente e temos um outro
potencial doador, cujo processo está sendo viabilizado. Sabemos que o
setor da saúde está comprometido, faltam ações efetivas", frisa a
coordenadora da Cidotti.
Negativa familiar prejudica captação de órgãos
Além das dificuldades já citadas pela coordenação da Cidotti, a falta
de autorização por parte das famílias também prejudica a captação de
órgãos na cidade. Questões religiosas e culturais muitas vezes impedem
que a doação seja feita, conforme pontua Antônia Ivanete:
"A família
muitas vezes acredita que um milagre pode acontecer, que o paciente vá
se recuperar e nós temos que respeitar, são vários fatores que
influenciam a decisão", diz.
E foi justamente o aspecto religioso que
quase impediu a família do empresário Evandro Praxedes, falecido no
último dia 13 de janeiro, de doar os seus órgãos. Segundo Karen
Praxedes, filha do empresário, a esperança que ele pudesse acordar
tornou a decisão muito difícil.
"A gente acreditava muito que painho
pudesse acordar e se tirassem os órgãos ele não acordaria. Minha família
é evangélica, então até o último momento a gente acreditava no milagre.
A decisão foi difícil por causa disso, apesar do diagnóstico a gente
queria acreditar que ele acordaria. A ficha não tinha caído, pelo menos
para mim não", relembra.
Após a doação, realizada em Curitiba, onde o
empresário estava internado, a família se sente realizada e feliz.
"Doar órgãos é saber que um pedacinho do meu pai continua vivo no corpo
de alguma pessoa. Não tem coisa melhor e sensação tão maravilhosa do que
saber que nossa família e meu pai ajudaram a salvar vidas com apenas um
gesto e uma decisão. Imagino a felicidade que deve ter sido para cada
pessoa e cada família que recebeu o órgão e a notícia", conta Karen
Praxedes, acrescentando: "Espero que com essa matéria a gente possa
incentivar outras pessoas com esse gesto".
Mitos e verdades sobre a doação
Mito: Para me declarar doador, preciso disponibilizar essa informação no meu RG ou CNH
Verdade: Para se tornar um doador de órgãos e tecidos você só precisa informar esse desejo a seus familiares
Mito: Idosos ou pessoas que estavam doentes não podem doar órgãos
Verdade: Todas as pessoas são consideradas potenciais doadores de órgãos, independentemente da idade ou do histórico médico
- Fique por dentro:
Um
único doador de órgãos salva em média de oito a 10 pessoas, chegando a
20, com o transplante de córneas, coração, pulmões, rins, fígado,
pâncreas, pele, ossos e válvulas cardíacas
No Rio Grande do Norte, de acordo com dados da Sesap, foram realizados no ano passado:
282 transplantes, sendo 171 de córnea,
52 de rins,
56 de medula óssea e
3 de fígado.
FONTE: O MOSSOROENSE.COM