28 de dez. de 2011
2011: o ano em que a oposição sumiu
O principal fato político do ano não foi produzido pelo governo, como costuma ser, mas pela oposição. Foi, na verdade, um não fato: o desaparecimento da oposição partidária (sobrou apenas aquela que se abriga em setores da velha mídia e em alguns blogs).
O PSDB e seus satélites DEM e PPS sumiram da cena política brasileira junto com seus líderes, que não pararam de brigar entre si durante todo o ano, e deixaram o campo livre e tranquilo para a presidente Dilma Rousseff inaugurar o seu governo.
A tal da "Faxina da Espalanda", outro tema de destaque em 2010, que fez Dilma trocar sete ministros em menos de um ano, foi mais um evento de imprensa do que uma iniciativa do novo governo, que ainda não começou para valer, dando apenas continuidade ao que herdou.
O DEM, ou o que sobrou da antiga Arena, que virou PDS, PFL e outros partidos menores, foi engolido pelo PSD, a antiga sigla ressuscitada pelo prefeito paulistano Gilberto Kassab.
Outro fato político de destaque do ano, o neo-PSD já nasceu com mais de 50 deputados e se tornou a terceira maior legenda do país. Com largo espectro ideológico ("não é de direita, nem de centro, nem de esquerda"), já nasceu governista.
Juntos, os três partidos de oposição chegaram ao final do ano com apenas 88 deputados federais (elegeram 109 em 2010), aos quais podemos agregar ainda os três figurantes do nanico PSOL, que também estão fora da monumental base aliada, mas correndo pela esquerda radical.
Levantamento publicado pela "Folha" neste final de semana contabiliza somente 17,5% das cadeiras da Câmara Federal ocupadas por parlamentares oposicionistas _ o menor índice desde a redemocratização do país.
Desta forma, a presidente Dilma Rousseff deitou e rolou no Congresso Nacional, aprovando tudo o que queria, sem maiores sacrifícios, a não ser atender aos apetites dos aliados, que lhe deram bem mais trabalho do que a indigente oposição.
Este cenário projeta um 2012 tranquilo para Dilma na área política, embora sua anunciada reforma ministerial possa deixar aqui e ali alguns descontentes entre os partidos aliados.
Diante desta maioria avassaladora, no entanto, levando ainda em conta os altos índices de aprovação popular da presidente Dilma e uma economia razoavelmente estabilizada, que alternativa restaria aos aliados que se sentirem rejeitos na reforma?
Vão se jogar ao mar para se agarrar às bóias murchas da oposição mambembe? Correrão para os braços de Serra, Aécio, Agripino Maia, Roberto Freire?
Aécio conseguiu derrotar Serra em todas as instâncias partidárias tucanas, mas o ex-governador paulista não quer largar o osso da sucessão presidencial em 2014 e o ex-govenador mineiro ainda não se afirmou como liderança oposicionista de expressão nacional. Os outros dois estão juntando os cacos.
Com Lula momentaneamente fora de combate tratando um câncer na laringe e Fernando Henrique Cardoso dedicando-se mais às suas palestras, já sem esperanças de dar um rumo ao PSDB, Dilma assumiu de vez o protagonismo político. Em outubro, enfrentará sua primeira eleição na cadeira de presidente dando as cartas numa posição bastante confortável, com cacife alto e sem concorrentes à vista para 2014.
Seus principais adversários não conseguem se entender nem para lançar um candidato para a Prefeitura de São Paulo, berço do tucanato, capaz de enfrentar Fernando Haddad, o candidato petista de Lula/Dilma. O PMDB, como de costume, a tudo assiste, calculando onde poderá obter maiores vantagens.
Em 2012, tudo pode mudar, claro, a depender do que vai acontecer com a abalada economia mundial. No final de 2011, porém, a um ano das eleições municipais, é este o quadro, absolutamente favorável ao governo central e seus aliados, e melancólico para a oposição.
Do Blog de Ricardo Kotscho
POSTADO POR CLEUMY CANDIDO FONSECA ÁS 10:25
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