Vereador afirma também que PDT será “ingrato” se não apoiar Fátima Bezerra para o Senado Federal
Alex Viana
Repórter de Política
“Aqui não há mais possibilidade de a gente se aliar ao PMDB. O PMDB
tentou nos isolar de todas as formas. Vem trabalhando isso, mas nós
procuramos uma aliança com o PSD, do vice-governador Robinson Faria,
está muito bem essa aliança. Eu acho que nós vamos avançar muito e vamos
ganhar as eleições com Fátima para o Senado e Robinson para o governo”.
A frase é do vereador Fernando Lucena, em entrevista nesta terça-feira
ao “RN em Debate” (12h15, TV União). Confira a entrevista.
Jornal de Hoje – Que avaliação faz da crise entre PT e PMDB no nível nacional?
Fernando Lucena – Eu só acho que nós temos o vice-presidente do PMDB.
Eu não sei, então, para que está servindo o nosso vice-presidente? Eu
acho que a tarefa do vice-presidente da República era conduzir o seu
partido. Nós temos aliança em três ou quatro estados PT-PMDB, então para
que serve esse vice-presidente da República? É um jarro no canto da
sala? É o que está parecendo o Michel Temer hoje, é o que está servindo
para o governo do PT. Além do mais, essa vontade de ter poder de cargos
do PMDB que é insaciável. Não é possível você ter um aliado como esse,
que fica quatro anos com cinco ministérios, isso fora as estatais, cargo
por tudo quanto é lugar, mais do que o PT, e aí quando chega perto de
uma eleição bota a faca no pescoço. Eu acho que a presidente Dilma não
deverá aguentar essa pressão, acho que o PT também não deve tolerar esse
tipo de chantagem, porque o povo é que tem que ver, o povo é que tem
que olhar o que está acontecendo. O PMDB não está preocupado com o Bolsa
Família, o PMDB não está preocupado com os programas sociais do
governo, mas sim em conquistar espaço para os seus amigos, como se o
governo fosse um bolo a ser fatiado entre pessoas, e não é assim que o
PT pensa, por isso eu acho que chegou a hora de o PT endurecer com o
PMDB.
JH – Que reflexos pode haver essa crise para o cenário político estadual?
Lucena – Veja bem, até que ponto a presidente Dilma vai tolerar isso?
Eu tenho uma opinião, eu sou do “volta, Lula”. Eu acho que a gente
tinha que dispensar o PMDB, porque Lula já ganhou com o PMDB na oposição
e tinha que voltar o presidente Lula nessas eleições, para a gente
ganhar no primeiro turno e se livrar do PMDB, porque na verdade o PMDB é
um fardo pesado para se carregar, porque a fome do PMDB por cargo e
poder é muito grande.
JH – Essas negociações nacionais entre PT e PMDB, pode haver reflexos na formação de palanques no Estado?
Lucena – Aqui não há mais possibilidade de a gente se aliar ao PMDB. O
PMDB tentou nos isolar de todas as formas. Vem trabalhando isso, mas
nós procuramos uma aliança com o PSD, do vice-governador Robinson Faria,
está muito bem essa aliança. Eu acho que nós vamos avançar muito e
vamos ganhar as eleições com Fátima para o Senado e Robinson para o
governo.
JH – O PT conta com o PDT de Carlos Eduardo nesta aliança?
Lucena – O não apoio à deputada Fátima Bezerra e a essa chapa seria
uma ingratidão. Porque eu sou vereador e tenho como testemunha os 29
vereadores e o que nós temos votado de contrapartida não é brincadeira,
recursos de contrapartida em obra do governo federal. A deputada Fátima
Bezerra tem se dedicado muito ao Rio Grande do Norte e principalmente a
Natal. Ela tem trazido muitos recursos para Natal e não é brincadeira,
são milhões e eu acho que o prefeito Carlos Eduardo reconhece isso. Ele
sabe que sem o apoio da deputada Fátima ele estaria com muita
dificuldade, nas obras de mobilidade urbana, de saneamento básico da
Zona Norte, tudo isso está sendo feito com recursos federais e a
deputada Fátima tem se dedicado muito a isso. Seria uma ingratidão o
fato do prefeito Carlos Eduardo não apoiar essa chapa. Eu estou
acreditando que ele virá sim, o PDT virá apoiar, e com o apoio de Carlos
Eduardo, de Maurício Marques e se a gente ganhar Mossoró – e tudo
indica que nós vamos ganhar – então estaremos a um passo da vitória com
Robinson Faria e Fátima para o Senado.
JH – Que acha da candidatura do PMDB, com Henrique ou Fernando Bezerra?
Lucena – Eu acho ambos muito fracos. Fernando Bezerra porque está há
tanto tempo fora da política e perdeu a eleição para Rosalba. A própria
Wilma já disse isso, que com ele não vai, porque é fraco e eu também
acho, pelo tempo que ele ficou fora da política. Henrique nós sabemos
que ele tem 44 anos de deputado e só tem um projeto que eu tenho
conhecimento de Henrique que foi – e até foi uma homenagem correta – o
nome de Aluízio Alves para o Aeroporto do Rio Grande do Norte, fora
isso, é o único projeto que eu conheço de Henrique, há 44 anos. Assim
não tem condições de ser governador, não diz pra que veio. E quando você
escuta uma entrevista dele, desde a Fortaleza dos Reis Magos até à
Ponte Velha de Igapó foi ele quem fez, mas na verdade se você for atrás
ele não tem nada. É um deputado, é presidente da Câmara, é o terceiro
homem do poder, mas o que é que trouxe para o Rio Grande do Norte?
Alguém pode me dizer uma obra que ele ajudou? Ele fica dizendo, mas na
prática não é. É tudo programado pelo governo federal. Agora, a deputada
Fátima pode dizer. Estão aí os IFRNs, estão aí as obras de Natal, as
emendas da deputada em todos os municípios do RN. Enquanto Henrique você
pergunta, onde estão as emendas de Henrique? Nem as emendas
parlamentares, que são um direito do deputado, ele coloca para o Rio
Grande do Norte. Portanto, eu acho que Henrique é um candidato muito
fraco. Eu quero repetir aqui a frase do companheiro presidente Siqueira:
“Qualquer um ganha de Henrique”. Eu acho que nós vamos ganhar sim.
Mineiro desconhece pressão de Brasília para mudar chapa Robinson e Fátima
O Rio Grande do Norte não está dentro do acordo feito pela presidente
Dilma Rousseff com o PMDB nesta segunda-feira, no sentido de apoiar o
candidato do PMDB a governador, provavelmente o presidente da Câmara dos
Deputados, Henrique Eduardo Alves. A informação é do deputado estadual
Fernando Mineiro (PT). “Desconheço qualquer mudança de rota”, afirmou
Mineiro ao Jornal de Hoje, destacando que “o RN não se enquadra nessa
situação” em que o PT retirará candidaturas nos estados para apoiar
projetos peemedebistas.
Segundo informou a imprensa nacional nesta terça-feira, na reunião de
ontem a presidente Dilma Rousseff teria topado ceder a pressões do PMDB
em pelo menos seis estados, entre eles o Rio Grande do Norte, como
forma de atenuar a crise que envolve os dois partidos nacionalmente. A
reforma ministerial e mesmo a recondução dos presidentes da Câmara e do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria ficado de fora da pauta da
conversa, que teria se centrado apenas nos acordos regionais.
Ainda não há informações seguras a respeito de eventual exigência do
presidente da Câmara à cúpula nacional do PT no tocante ao PT do Rio
Grande do Norte. Nos bastidores, há forte intriga no sentido de que
Henrique teria exigido o apoio do PT a sua candidatura a governador, o
que não é confirmado por petistas locais. Segundo Mineiro, os veículos
trouxeram informações desencontradas sobre a reunião de ontem.
Apenas um deles, o Estado de S. Paulo, citou o RN como parte do
acordo. Os demais, entre eles a Folha de S. Paulo, excluíram o estado da
base de acordo. O presidente da Câmara Henrique Alves não atendeu nem
retornou às ligações de O Jornal de Hoje.
RN FORA
Para o deputado Mineiro, o RN não integrou o acordo com Dilma e o PT
nacional, segundo os jornais, porque, no estado, o PT não tem candidato a
governador. “O Estadão está desinformado. Nós não temos candidato ao
governo. O PT já retirou candidatura ao governo desde outubro do ano
passado, para facilitar entendimento com o PMDB, e nós fomos descartados
pelo PMDB”, afirmou o petista.
Mineiro disse ainda não ter conhecimento de nenhuma discussão
envolvendo a retirada candidatura do PT ao Senado, que no Rio Grande do
Norte é representada pela pré-candidatura da deputada federal Fátima
Bezerra (PT), que ontem mesmo reafirmou que será candidata ao Senado,
numa dobradinha com a candidatura do vice-governador Robinson Faria,
presidente estadual do PSD, ao governo. “Não tem nenhum conhecimento
sobre discussão de candidatura ao Senado. Meu entendimento continua
sendo de que a Fátima só não será candidata ao Senado se ela não quiser.
É o desejo do PT nacional”. (AV)
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