Diesel mais caro vai elevar custos de outros produtos. Foto – Alex Régis |
O novo reajuste de 5% no preço do óleo diesel nas refinarias – anunciado na terça-feira (05) pela Petrobras – levou analistas, empresas e entidades a refazerem os cálculos para determinar o impacto de alta que a medida pode ter no custo do frete no País, tanto no setor agropecuário quanto no industrial. Estudos iniciais de várias instituições apontam para elevações que variam de 1,25% a 5%, o que significaria um repasse integral do aumento. A Petrobras já havia elevado o preço do combustível em 5,4% no fim de janeiro.
O aumento do diesel dá força à inflação neste mês, após um breve alívio em fevereiro. O aumento de custos acarretado pelo reajuste terá como consequência direta o encarecimento dos produtos agropecuários, que utilizam o combustível no transporte, e também dos produtos industriais.
Sem o benefício da queda da energia elétrica e com as matérias-primas agropecuárias voltando a pressionar, os indicadores de março devem revelar o aquecimento dos preços, projetam economistas.
No varejo, o impacto do reajuste do diesel será pequeno e difícil de mensurar, porque virá embutido no preço total das mercadorias. O único efeito direto para o consumidor deverá ser um reajuste mais robusto das tarifas de ônibus, postergadas no início do ano. Quando forem autorizados, devem ser maiores do que o calculado inicialmente e pesarão principalmente nos mercados de São Paulo e Rio de Janeiro.
O economista do Ibre/FGV Salomão Quadros avalia que “após dois aumentos consecutivos do óleo diesel na refinaria, haverá o encarecimento de produtos industrializados no varejo”. Mas essa contaminação de preços é impossível de ser medida, argumenta. É um quadro diferente do atacado, que deverá trazer impacto de 0,15 ponto porcentual, decorrente do reajuste do combustível, nos indicadores que serão divulgados pela FGV ao longo do mês.
No mercado, chegou a ser cogitado que o governo estaria estudando a desoneração de tributos federais, como o PIS/Cofins do diesel para anular os efeitos do reajuste. A medida foi negada ontem, em Brasília, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Não. Não tem nenhuma compensação”, afirmou ao ser abordado por jornalistas.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) projeta que o reajuste do preço do diesel vai provocar um impacto médio de 1,25% sobre o valor do frete. “É sempre uma pressão inflacionária, já que 60% do transporte de carga no País é sobre rodovias”, afirmou o presidente da entidade, Clésio Andrade. Já a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística, (NTC&Logística) estima que o custo do frete pode ficar em média 1,46% maior.
Apesar das projeções de alta, Luiz Camilo Beneti, pesquisador da Esalq-Log – Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial, disse que motoristas autônomos podem absorver o novo aumento do preço do diesel em busca de competitividade. “Ao observar que os valores das transportadoras estão altos, (eles) aproveitam para entrar no mercado com os valores dos fretes mais baixos, dando assim equilíbrio (aos preços) no setor.”
Nas bombas, preço deve subir, em média, 4%
Rio de Janeiro (ABr) – O aumento de 5%, determinado pela Petrobras, no preço do óleo diesel comercializado, desde ontem, nas refinarias de todo o país, deverá elevar o preço médio do produto nas bombas do município do Rio de Janeiro em cerca de 4%. A estimativa é do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes e de Lojas de Conveniência do Município do Rio de Janeiro (Sindicomb), Manoel Fonseca da Costa.
“Nós vamos ter que repassar o aumento, sem dúvida. A consequência da decisão será que o consumidor deverá ter que arcar com uma alta nas bombas em média de 4%. Mas como não há opção ao diesel no transporte de carga, a alta não deverá influenciar as vendas nos postos do município”, disse. Costa lembrou, ainda, que a alta também deverá refletir no custo do frete, que implicará no aumento nos preços dos produtos, com reflexo direto na inflação.
Com o reajuste de hoje, o óleo diesel acumula este ano uma elevação de 9,5% nas refinarias da Petrobras em todo o país. No dia 30 de janeiro, a empresa reajustou o combustível em 4,5%.
O presidente do Sindicomb informou ainda que a venda de derivados caiu em média em fevereiro entre 5% a 6%, como consequência da elevação do preço do produto e pelo menor número de dias de fevereiro, além de, tradicionalmente, ser um mês em que os consumidores diminuem as compras por causa das despesas com pagamentos de impostos como o Imposto Predial, Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Fonseca da Costa acredita que este ano o consumo de derivados no país deverá ser inferior ao do ano passado, embora fique acima da expansão do PIB.
A reportagem tentou na noite de ontem, sem sucesso, contato com o presidente do Sindipostos RN, Antônio Sales, para saber o impacto do reajuste nos postos do estado.
FONTE:http://hermanomorais.com.br
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