Goleiro foi sentenciado a 22 anos e três meses pela morte da ex-amante, Eliza Samudio, e três outros crimes. Promotor não aprovou a pena, e vai recorrer
Condenado a 22 anos e três meses, o goleiro Bruno deve começar a cumprir pena em regime semiaberto já em 2017. O julgamento do ex-jogador do Flamengo foi encerrado na madrugada desta sexta-feira, em Minas Gerais, com a leitura da sentença pela juíza Marixa Fabiane Rodrigues. Acusado de comandar o sequestro e a morte da jovem Eliza Samudio, com quem teve um filho, Bruno foi considerado culpado por quatro crimes: homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere de Eliza e sequestro e cárcere de Bruninho, seu filho com a ex-amante.
O cálculo da juíza para chegar aos 22 anos e três meses de pena é o seguinte: por homicídio, 20 anos, reduzidos para 17 anos e seis meses por ele ter delatado o ex-policial Bola; desse total, ele tem que cumprir 2/5, ou seja, sete anos. Como está preso há dois anos e nove meses, poderá progredir para o regime semiaberto em 2017. Por sequestro, Bruno foi sentenciado a três anos e três meses em regime aberto. Por ocultação de cadáver, recebeu pena de um ano e seis meses, também em regime aberto.
Marixa escreveu, em seu veredicto, que o julgamento concluiu haver “culpabilidade intensa e altamente reprovável”, agravada por ter o crime, entre seus réus, “um jogador de futebol famoso”. A juíza afirmou também que um dos agravantes é a “incógnita deixada sobre onde está o corpo da vítima”. “A sociedade reconheceu envolvimento do mandante (Bruno) na trama diabólica”, disse. O promotor do caso, Henry Vasconcelos Castro, pretende recorrer da sentença, pois considera necessária pena entre 28 e 30 anos para o réu. A defesa também anunciou que já recorreu da condenação.
Se trabalhar na prisão, como vem fazendo até aqui, Bruno poderá ficar ainda menos tempo em regime fechado, já que, a cada três dias trabalhados, o presidiário tem um dia descontado de sua pena.
Dayanne Rodrigues Souza ex-mulher de Bruno, que participou do caso cuidando do menino Bruninho e respondia por sequestro e cárcere privado, foi absolvida a pedido do Ministério Público, que considerou ter ela agido “sob ameaça” dos demais réus.
Julgamento - A condenação no Tribunal do Júri de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi fruto da decisão de sete jurados, cinco deles mulheres. O desfecho final do caso ainda está por vir, com o julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, no dia 22 de abril. Dois ex-policiais ainda estão sendo investigados por suspeita de participação na ocultação de cadáver de Eliza – o mistério até hoje guardado por seus algozes. O Ministério Público acredita que Bola seja o executor e o responsável pelo sumiço no corpo de Eliza.
Henry Castro comemorou mais uma condenação dos réus do Caso Bruno. Foi ele também quem obteve as condenações de Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, e de Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada de Bruno, que cumpre pena em regime aberto.
Iniciado na segunda-feira, o julgamento do goleiro Bruno foi bem menos tumultuado que o de Macarrão. E foi marcado por uma tentativa da acusação de reforçar a ideia de que Bruno participou da cena do crime – algo que a defesa e as testemunhas tentaram afastar – e que foi o mandante, a pessoa interessada em obter benefício com a morte de Eliza.
Para Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza Samudio, o resultado, apesar de representar um avanço, ainda não é satisfatório. Sônia afirmou que pretende recorrer da absolvição de Dayanne. "Não estou feliz. Mas sinto que o dever foi cumprido. Só vou ficar satisfeita quando puder enterrar minha filha", disse.
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