8 de mar. de 2013

HOMENAGEM DO BLOG AO / Dia Internacional da Mulher: violências e lutas

Thadeu de Sousa Brandão, Sociólogo, Doutor em Ciências Sociais e Professor de Sociologia da UFERSA.


Neste Dia Internacional da Mulher, nossos olhares se voltam para o papel da mulher em nosso modelo societário. Historicamente, esse papel mudou e continua se metamoforseando. Papel de gênero, lembram-nos os antropólogos, onde as visões de mundo e formas de condutas são delineadas não por questões biológicas, mas por um modus operandi essencialmente social. Isso significa que, aquilo que compreendemos como atribuições femininas são, de fato, construídas pela forma como a sociedade determina essas atribuições.
Sociedades matriarcais (como a de boa parte de nossos indígenas) possuem papéis e status femininos bem mais positivos. Além de liberdade sexual, elas cumprem papéis religiosos e sociais mais signifcativos. Noutra perspectiva, ainda hoje, em países árabes, as mulheres são proibidas de exercerem funções que, no Ocidente, já são realizadas pelo gênero feminino. Pior ainda: em boa parte das nações não Ocidentais, as mulheres sofrem os piores tipos de discriminação e dominação.
Mas, mesmo no Ocidente que, há um século, vem construindo uma tradição de inclusão da mulher em papéis sociais significativos e em atividades que antes eram relegadas aos homens, ainda há muito a se fazer. Seja em matéria de liberdade sexual, seja na questão da igualdade salarial, muitos direitos ainda precisam ser conquistados. E, um alerta maior, outros tantos ainda precisam ser mantidos, sob pena de serem perdidos.
Nesta seara, não posso deixar de falar da questão da violência contra a mulher, especialmente no Brasil. Lembro que, apenas em 2006, o Brasil implementou norma jurídica que punia (pela primeira vez) maridos e companheiros que agrediam suas esposas e namoradas. Antes, uma cesta básica e um pedido de desculpas resolviam. O aumento gradativo de denúnicas (em até 6 vezes) de agressões contra a mulher em delegacias especializadas mostra que a violência vem sendo combatida. Mais ainda: as mulheres vêm tomando consciência da necessidade de denunciar e, ao mesmo tempo, de que existe punição possível.
Embora o número de homicídios femininos seja significativamente muito menor que o masculino no Brasil, nossa nação desponta entre as 6 mais violentas do mundo em matéria de assassinatos de mulheres. Grave, principalmente no perfil: mulheres jovens, pobres e casadas. Pois é! Se para o homem o casamento lhe possibilita a saída do perfil de vítima de homicídio, no caso das mulheres é o oposto: casar-se ou estar convivendo com um companheiro (de qualquer tipo) lhe inclui no perfil de vitima de homicídios no Brasil.
Neste Dia Internacional da Mulher, mais do que as merecidas flores e homenagens, as mulheres possam firmar sua bandeira de luta contra a violência de gênero. Muito a lutar e conquistar ainda, principalmente para possibilitar a maior de todas as dignidades: a vida.

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