Ele está sempre lá: verdejante, no meio da vegetação árida do sertão. Mesmo com a falta d'água, ele mantem-se majestoso. O juazeiro é uma árvore típica do semiárido, originário das caatingas do Nordeste brasileiro. E, embora a seca castigante, ele continua lá, com seu porte elegante e capaz de viver até uns 100 anos.
No sítio Jucuri, na zona rural de Mossoró, região Oeste do Rio Grande do Norte, um pé de juazeiro em especial chama a atenção. Segundo os moradores mais velhos da comunidade, a árvore tem mais de 80 anos e faz parte de uma paisagem onde, antigamente, existia uma fazenda por onde, em 1927, passou Lampião e seu bando cangaceiro. “A gente baseia de 80 a 90 anos esse pé de juazeiro. Tem história! Lampião passou por aqui e fez um sequestro relâmpago. Levou o dono da fazenda. Primeiro deu um banho nele e o levou, dizendo à família que queria dinheiro”, contou o pastor evangélico Naldo Aires, morador do Jucuri.
Dificilmente o juazeiro, ou o pé de juá, passa dos 15 metros. Mas, sua sombra é sempre um grande e maravilhoso abrigo no calor tórrido do sertão. Debaixo da sombra do juazeiro o vento parece mais fresco e não há como resistir a uma cadeira de balanço e uma boa conversa debaixo dele.
O juazeiro cresce especialmente em terreno de várzea ou a beira de rios. Então, como explicar ele verdinho no meio de uma terra seca, onde o restante da vegetação perde suas folhas pra sobreviver? Não é que ele seja mais resistente, mas a presença do juazeiro é um sinal de que há poucos metros de profundidade existe água.
Marcelino Gevilbergue Viana, que é biólogo e professor da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), tem a resposta: “Ele consegue alcançar os solos mais úmidos e encontrar água. Por isso que ele tem permanece verde na maior parte do ano, diferenciando a paisagem da caatinga”.
Às margens da BR 405, que liga Mossoró a Apodi, a cada poucos metros é possível avistar um juazeiro. Eles estão lá, exuberantes e enchendo a vista de quem só vê mato seco. E tem mais: o caule, as folhas e o fruto podem ser muito bem aproveitados. “O fruto pode ser comestível e pode ser utilizado na produção de doces, de geleias. A casca, vem sendo bem utilizada para o clareamento dentário. A estudos que evidenciam isso. E, a própria folhagem que pode servir para nutrir rebanhos”, acrescentou o biólogo.
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