13 de dez. de 2011
Carlos Eduardo: ingratidão e vaidade provocam derrota
O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, lidera as pesquisas de opinião pública realizadas até o momento para voltar a administrar a prefeitura de Natal, mas pode ser atropelado pelos fatos e circunstâncias que devem redesenhar o quadro sucessório na capital potiguar.
Filho de Agnelo Alves, Carlos Eduardo não herdou a sabedoria política e o instinto estratégico do pai, que foi prefeito de Natal e de Parnamirim, senador da República e hoje exerce mandato de deputado Estadual. A vaidade é marca registrada de Carlos Eduardo, que tenta desvincular seu nome da família que foi responsável por sua carreira política.
Eleito vice-prefeito na chapa de Wilma de Faria, indicado pelo PMDB, Carlos Eduardo rompeu com a família e com o partido e assinou ficha de filiação no PSB, comandado por Wilma no RN. Com a renúncia de Wilma para concorrer ao governo do Estado em 2002, Carlos Eduardo assumiu a prefeitura de Natal. Suas primeiras providências foram se livrar do wilmismo e montar um secretariado ‘técnico’.
Wilma foi eleita governadora e apoiou sua reeleição para prefeito de Natal, em acirrada disputa contra o então deputado Luiz Almir, líder popular que multiplicou sua atuação nos meios de comunicação. Em curva ascendente, Luiz Almir ganharia a eleição na reta final da campanha. Wilma reuniu seu exército vermelho e virou o jogo, provocando a vitória de Carlos Eduardo.
Em 2008, ao invés de apoiar um candidato do PSB de Wilma, Carlos Eduardo resolveu ser liderança, e engendrou uma fórmula para evitar que os políticos tradicionais tivessem êxito numa possível vitória de seu sucessor.
Fomentou uma candidatura ‘técnica’ que não vingou. Depois, contrariando a todos, articulou o que ficou conhecido como ‘Acordão’, que envolveu o PSB de Wilma, o PMDB de Henrique Alves e Garibaldi Filho e o PT da deputada Fátima Bezerra, que atropelou até as prévias internas do partido e foi lançada candidata do grupo à prefeitura de Natal.
A candidatura de Fátima foi prejudicada pela forma elitista como foi gerada, nos gabinetes de Brasília, sem sentir a ‘pulsação’ do eleitorado. Resultado: derrota no primeiro turno para Micarla de Sousa.
Em 2010, ao invés de Carlos Eduardo apoiar a candidatura de Wilma ao senado; ou a de Garibaldi Filho, resolveu ser candidato a governador, numa aventura que nasceu com forte cheiro de derrota e se concretizou nas urnas, com uma votação insignificante até em Natal, cidade que ele governou por dois mandatos. Naquele momento, ele já havia deixado de lado o PSB e assumiu o PDT para não ser liderado de ninguém no Estado, mas líder; nem que fosse dele mesmo.
Após a eleição estadual, Carlos Eduardo teve uma grande oportunidade de retomar o seio familiar e ser candidato a prefeito em 2012 pelo partido que o colocou na vida pública: o PMDB.
Convidado pelos primos Garibaldi e Henrique Alves a assinar ficha de filiação no PMDB e ser o candidato a prefeito do partido e até do grupo da governadora Rosalba Ciarlini, Carlos Eduardo negou o convite e permaneceu no PDT, isolado, sem lideranças expressivas, mas na condição de ‘líder’ de um exército sem soldados ou oficiais, apenas com um pseudo general com armas obsoletas.
A negativa de não se filiar no PMDB tem um componente a mais no cardápio da ingratidão. Afinal, no sombrio fim de sua gestão na prefeitura de Natal, com sua candidata derrotada em primeiro turno, ele cometeu uma ilegalidade que poderia ter custado o fim de sua carreira política: meteu a mão no dinheiro da Previdência dos Servidores para cobrir rombos financeiros da gestão; e ‘vendeu’ a conta da prefeitura para o Banco do Brasil numa operação obscura mas com objetivo definido: conseguir mais dinheiro para fechar a conta, sob pena de responsabilidade grave com consequências para o futuro.
Carlos Eduardo estava desesperado; o pai, Agnelo, queria salvar o filho daquela situação. Eis que, aos 45 do segundo tempo, chega a mão salvadora do deputado Henrique Alves, que usa sua influência no Supremo Tribunal Federal e consegue, no apagar das luzes de 2008, uma liminar que permitia sacar o dinheiro da venda da conta do Banco do Brasil para que ele pudesse honrar o pagamento do funcionalismo e cobrir o saque indevido que havia feito na Previdência Municipal.
Henrique Alves foi solidário ao primo, com quem não alimenta boa relação. Se Henrique não tivesse ajudado, Carlos Eduardo teria enfrentado sérios problemas com a Justiça e poderia ter sido contaminado pela Ficha Suja e ficar fora do pleito.
O que Henrique pediu foi muito pouco para o que foi feito pelo PMDB durante toda a vida política de Carlos Eduardo: a simples filiação. Com um bônus: ganhava o direito de ser o candidato do partido a prefeito de Natal.
Mas Carlos Eduardo é ingrato com quem o ajuda; seja família ou não. E a vaidade de ser ‘líder’ pode ter destruído o sonho de ser prefeito de Natal pela terceira vez.
POSTADO POR CLEUMY CANDIDO FONSECA ÁS 16:15
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