12 de abr. de 2011

“Como não estão fazendo nada a solução é sentar o cacete no passado”, desabafa Iberê Ferreira




O ex-governador Iberê Ferreira (PSB) cumpriu a promessa de se pronunciar tão logo a sucessora Rosalba Ciarlini (DEM) cumprisse cem dias à frente da administração estadual.

Ontem, em entrevista ao Jornal 96, da 96 FM de Natal, o pessebista ao negar que tenha deixado o Governo do Estado no limite prudencial previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), deu a entender que as críticas de Rosalba são motivadas por questões políticas. "Eu não quero estabelecer esse tipo de polêmica. Eu tenho um documento que diz que não estava no limite prudencial, mas eu sei que um governo novo precisa dar muita satisfação, com muitas promessas de campanha. Quando ele senta ali, aí vem a realidade. Aí começam as cobranças, e como não estão fazendo nada, a única solução é sentar o cacete no passado", disparou.

Ele admitiu dificuldades, mas desmentiu que tenha "quebrado" o Estado. "Em primeiro lugar, eu quero dizer que o pacto federativo do Brasil precisa ser modificado. Os estados pequenos sofrem muito com esse problema financeiro. Os municípios, todos eles, estão enfrentando dificuldades e é preciso que haja uma modificação para que os estados e os municípios tenham uma situação melhor. Agora entre esse desequilíbrio financeiro e você dizer que o Estado está falido, quebrado e que, eu, em apenas nove meses me transformei no algoz da economia do Estado? Eu assisti a uma entrevista da governadora onde ela diz que o Estado tem um débito de R$ 800 milhões. Em janeiro, fevereiro e março o governo arrecadou 1 bilhão e 600 milhões, paga 211 milhões de pessoal. Sobrou um bilhão aí, não é? Este ano o Orçamento do Estado é de 9,5 bilhões, se a governadora disse que estava devendo 800 milhões não chega a 10% da receita do Estado. Então isso é quebrado? Se o cidadão que ganha um salário mínimo estiver devendo 10% do que ganha, então ele deve 54 reais. Está quebrado? Isso não existe", questionou.

O ex-governador evitou afirmar que a sucessora esteja "fazendo caixa": "Eu não acho errado o governo fazer caixa, se ele tiver condições de fazer isso, é importante para que se tenha sempre dinheiro disponível para uma necessidade maior do Estado. Agora eu sou contra se fazer caixa quando não se está nem se pagando as gratificações, por exemplo, dos profissionais da Central do Cidadão, quando diversas obras foram paralisadas e tem várias coisas para serem pagas. Além disso, só se pode dizer que uma instituição está quebrada quando se compara o ativo e o passivo".

Sobre a Copa do Mundo de 2014, Iberê Ferreira insinuou que Rosalba esteja sendo injusta com os antecessores. "Eles falam: 'Ah! Eu resolvi a Copa do Mundo', não resolveu. Veja bem, se Natal não tivesse sido escolhida sede, o que adiantava o atual governo tomar essa ou aquela providência? Nada. Nós estamos na Copa porque a governadora Wilma de Faria, primeiramente, ousou bancando aquele projeto que foi premiado. Depois, no meu período eu criei a Secopa, eu mandei fazer os projetos, realizei audiências públicas, eu publiquei o edital. A governadora Rosalba Ciarlini abriu o edital, e eu a louvo por isso, e vai levar adiante. Agora é preciso que as pessoas entendam que não é nenhum demérito a pessoa dizer que está concluindo, que o governo passado tomou algumas providências e que agora há uma sequência", opinou.

Ex-governador diz que AL dificultou gestão

O ex-governador Iberê Ferreira afirmou que os problemas no Orçamento Geral do Estado (OGE) no final do ano passado foram frutos do debate político que contaminou a Assembleia Legislativa. "É preciso lembrar que eu administrei o Estado por 9 meses, e numa época em que a Assembleia Legislativa estava em pleno ano de campanha, e distorceu totalmente o Orçamento ainda no governo Wilma, diminuiu o percentual para remanejamento que foi para 5%, ou seja, uma Assembleia completamente contrária. Eu tive de pagar 13º salário e paguei, eu tive de pagar os 30% de treze planos de cargos e salários que foram aprovados pela Assembleia e eu honrei a minha parte, além de ter priorizado o pessoal, porque eu sei o que é um funcionário que ganha pouco e tem compromissos que quando não pagam tem um tal de SPC que acaba com ele", disse.

Questionado se havia participação da também ex-governadora Wilma de Faria (PSB) nesta crise Iberê evitou polemizar declarando que a queda no Fundo de Participação dos Estados (FPE) também pesou. "Eu não quero acusar A ou B. O grande problema que nós tivemos no ano passado foi a queda do FPE", frisou.

Ele criticou a decisão da governadora de cancelar 222 convênios sob a acusação de que se tratam de decisões "eleitoreiras". "Faltam ser pagos 30 milhões desses convênios. O Orçamento do Estado é de 9,5 bilhões, isso é muita coisa? Os municípios estão precisando, inclusive tem obras em hospitais que foram paradas. Foi feito convênio com o Hospital Infantil Varela Santiago, isso é eleitoreiro? Eu posso dar mais de 70 municípios que votaram na governadora Rosalba, e quem me conhece sabe que eu não sou de fazer picuinha em fazer convênios só se for eleitoreiro. Eu tenho mais de 40 anos de vida pública", concluiu.

FONTE: O MOSSOROENSSE

POSTADO POR CLEUMY CANDIDO ÁS 10:20

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