Robinson Faria: “É a convicção contra a conveniência. Que venha o acordão”
Robinson afirmou que o "super acordão" de Henrique e Wilma nasceu entre quatro paredes
Alex Viana
Repórter de Política
Sete ex-governadores do Estado, 100% dos que estão vivos. 21
deputados estaduais, ou 87,5% do total de detentores de mandato na
Assembleia Legislativa. Seis, dos sete deputados federais, ou 87,5% da
representação potiguar na Câmara Federal. Os três senadores do Estado,
ou 100% dos ocupantes desses cargos a que o RN faz jus na Câmara Alta.
Mais de cem dos 167 prefeitos do estado – quase 70% deles, ou mais – o
cálculo ainda não foi concluído. Toda essa força política contra um
único homem, o vice-governador Robinson Faria, pré-candidato do PSD ao
governo do Estado nessas eleições.
É o que afirmou o próprio, em entrevista à imprensa. Contudo,
Robinson não está só: conta com o apoio sobretudo do PT de sua candidata
ao Senado, Fátima Bezerra, e o PC do B, do seu vice, Fábio Dantas. No
entanto, o palanque adversário é bem mais amplo. “Nas caminhadas, me
nutro de coragem para enfrentar esse desafio. São sete ex-governadores,
20 e tantos deputados estaduais, seis deputados federais, três
senadores, cento e tantos prefeitos, vinte partidos políticos. Isso não
me intimida e não me desanima”, afirmou Robinson, durante entrevista a
98 FM . “Vamos enfrentar o acordão com serenidade, sem
raiva nem radicalismo. Fazer uma campanha construtiva, propositiva, mas
vamos também mostrar a verdade da política”, afirmou.
As declarações de Robinson foram as primeiras públicas após a
convenção do partido em que ele afirmou que o RN está saturado de Alves e
Maias no seu comando administrativo e predomínio político. Palavras que
foram rebatidas pelo ministro da Previdência, Garibaldi Filho (PMDB),
que afirmou que Robinson usou de mesquinhez e maniqueísmo em suas
declarações.
O vice-governador, entretanto, ignorou completamente as palavras de
Garibaldi, partindo para o ataque cerrado ao arranjo partidário formado
em apoio às candidaturas do deputado federal Henrique Alves (PMDB) ao
governo, e da vice-prefeita Wilma de Faria (PSB) ao Senado. Segundo
Robinson, Henrique e Wilma conjuram-se no “palanque da conveniência”,
enquanto que o dele, mais modesto em termos de apoios, seria o
agrupamento “da convicção”.
Robinson chegou a afirmar que o “super acordão” de Henrique e Wilma
nasceu entre quatro paredes, enquanto que a aliança dele com o PT de
Fátima, o PC do B de Fábio, e agora com o PP, do deputado federal
Betinho Rosado, nasceu das ruas.”Esse palanque deles é o palanque da
conveniência e a nossa aliança é da convicção. É a convicção contra a
conveniência. É a ousadia contra o comodismo, a audácia contra as
negociações, onde cada um deles decide os quinhões próprios como se o RN
fosse um grande loteamento, loteando o Estado como se o Estado fosse
entre quatro paredes. Vamos começar o debate. Que venha o acordão”,
afirmou.
FALÊNCIA
Em sua entrevista ao programa “Repórter 98″, apresentado por Robson
Carvalho e Felinto Rodrigues, Robinson Faria voltou a afirmar que os
integrantes do acordão “quebraram” o Estado, deixando-o numa situação de
quase falência. “Eles querem dizer que é um acordão para mudar, quando
eles passaram mais de 40 anos governando o RN. E qual foi a mudança que
aconteceu no nosso estado? Compare o RN com os demais estados do
Nordeste, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraíba, olhe quanto nosso
estado caiu. Foram essas famílias dominantes, esses sobrenomes famosos,
que querem se perpetuar no poder, que deixaram nosso estado numa
situação de quebrado, de falência, de quase falência. E agora querem
falar de uma proposta de mudar. Mudar o quê? O que eles praticamente
destruíram esses anos todos?”, questionou.
ADESÃO
Robinson negou o apoio de Rosalba a sua candidatura e, ao justificar a
aliança com o deputado federal Betinho Rosado, presidente do PP,
cunhado e aliado da governadora, afirmou que quem aderiu ao governo
foram PMDB e PR, de Henrique e de seu vice, o deputado federal João Maia
(PR). “Quem aderiu ao governo, subiu a rampa sem ter colaborado ou
arriscado a sua carreira, porque eu arrisquei, foi o PMDB e os demais
partidos que formam o acordão, que é o maior acordão já feito na
história política do RN”, declarou.
Segundo o atual vice-governador, enquanto ele saiu do governo para ir
para a oposição, Henrique e João Maia, que não votaram em Rosalba, mas
no então governador candidato à reeleição, Iberê Ferreira de Souza
(PSB), depois da adesão, chegaram a indicar diversos cargos na gestão
administrativa do estado sob a responsabilidade da governadora Rosalba
Ciarlini. “Como a própria Rosalba disse, Henrique chegou a ter momentos
que indicou sete secretários, mandou e desmandou, até um dia desses
atrás. Agora ele sai do governo e forma esse acordão com os demais
partidos que estão dentro do governo até hoje”.
De acordo com o pessedista, o diretor da Emater e o secretário de
Desenvolvimento do Estado são do PMDB. “Ou seja, eles estão dentro do
governo. O secretário de Indústria e Comércio, irmão de Elias Fernandes,
ainda está dentro do governo. Portanto, o rompimento deles é até meio
esquisito, porque ainda estão dentro do governo de Rosalba. O PROS, o PR
de João Maia, aderiu também ao governo, todos estão lá. Aderiram ao
governo, eu é que saí. Eles é que têm que explicar por que aderiram a
Rosalba e, de última hora, deixaram Rosalba”.
“Wilma jogou fora sua coerência e se entregou aos caciques”
Aliado da vice-prefeita de Natal Wilma de Faria enquanto esta foi
governadora do Rio Grande do Norte e ele, presidente da Assembleia
Legislativa, de 2003 a 2010, Robinson afirmou, ainda em sua entrevista,
que Wilma perdeu a coerência ao relegar o passado de combate aos
caciques tendo se aliado agora a quem sempre combateu.
“Wilma, que no passado tanto combateu os caciques, que desafiava os
caciques, mas que, agora, infelizmente, se entregou aos caciques, perdeu
o discurso. Ela tinha uma trajetória, ganhou até o nome de guerreira,
porque era guerreira e enfrentava os poderosos, enfrentava os caciques,
mas agora se entregou aos caciques, se entregou e se compôs com os
caciques, que ela sempre combateu. Ou seja, jogou fora todo seu legado
de coerência, de ousadia e de coragem”, disse Robinson, à rádio 98.
Ao responder a uma crítica de Wilma, que afirmou que ele não poderia
criticar o acordão porque também fora aliado de todos, Robinson disse
que Wilma é que é a campeã, “já esteve com todos”. Para ele, “o ‘todos’,
que Wilma fala, reclama que ela já teve problemas com todos”. “Os todos
dela é uma coisa meio subjetiva, mas vamos pular esse capítulo aí”,
afirmou, se esquivando de críticas mais contundentes e sem citar
problemas de parentes da ex-governadora com a Justiça.
“Wilma também disse que eu não teria coragem de ser candidato. Que eu
tinha medo de ser candidato a governador. O que será que ela tem a
dizer sobre isso hoje? Tive coragem, inclusive enfrentando sete
governadores, enfrentando o comodismo dela mesma e de outros, que se
uniram, achando que a união deles iria sufocar o surgimento de qualquer
candidato contra eles. Isso levou ela a achar que eu teria medo, não
teria coragem, não seria candidato, de última hora eu iria abrir, e
estou aqui candidato, desafiando esse acordão”, disse Robinson.
“Se dependesse dessa classe política eu não seria candidato a nada”
Robinson criticou, por fim, a classe política, afirmando que, se
dependesse dela, sequer seria candidato. Para ele, Alves e Maias, que se
revezam no poder há pelo menos quatro décadas no RN, não aceitam nomes
fora os deles no poder. “Se eu dependesse dessa classe política, eu não
era candidato a nada. Porque a classe política dominante só quer que
seja candidato a governador se for Maia ou Alves. É só olhar a chapa
deles. Qual é a chapa deles? Henrique Alves, Wilma Maia e João Maia”,
ironizou Robinson, mesmo sabendo que Wilma já não é mais oficialmente
Maia, desde que se divorciou do ex-governador Lavoisier Maia (PSB).
Para ele, entretanto, o que importa é que “eles” não querem dar a vez
a ninguém. “Existe uma união deles que não permite o nascimento de
nenhuma nova liderança política. Eu não fui buscar neles a minha
candidatura. Eu fui buscar, com humildade, mas com sonho, resistência e
ousadia, no meio da rua. Eram as pessoas simples que pegaram na minha
mão e diziam: ‘Vá em frente, esqueça os partidos grandes, se junte aos
pequenos, faça uma aliança e ponha o bloco na rua. Foi isso que fiz”,
afirmou.
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