13 de jan. de 2012

Macau: oposição sem discurso e governo com dinheiro


A cidade de Macau tem cerca de 20 mil eleitores, mas respira política diariamente como cidade grande. Rica em recursos naturais, com uma receita gorda na faixa de R$ 6 milhões mensais, o município é alvo de disputas acirradas pelo poder.

Atualmente, é governada pelo prefeito Flávio Veras, maior colecionador de condenações judiciais do Estado e grande vitorioso em matéria de liminar na Justiça Eleitoral.

Flávio é um político com grande poder de regeneração da imagem; ora goza de popularidade, ora é desprezado e até achincalhado pela população. Ora faz uma gestão mediana, ora desaparece da cidade sem explicações. E assim vai caminhando de forma pendular.

Caso pudesse ser eleito para mais um mandato, Flávio Veras seria imbatível, sem chance para qualquer adversário. Seus métodos e seu descaramento funcionam com perfeição na captura do voto.

Porém, como Flávio não pode ser candidato, há chance de disputa na Terra das Salinas.

KERGINALDO PINTO

Para tentar se manter no poder e ficar perto da receita milionária do município, Flávio tenta emplacar Kerginaldo Pinto, ex-gerente de suas lojas de eletroeletrônicos que virou supersecretário e pode virar prefeito.

Kerginaldo não tem tradição política e jamais se envolveu em eleição. Sem carisma e sem discurso, se ampara na força do padrinho, que quer lhe fazer prefeito. Se não tem alta aceitação popular, Kerginaldo também não tem rejeição, o que lhe permite sonhar com o crescimento da candidatura mais adiante, quando a força do poder começar a se revelar.

O PMDB é o partido mais forte de Macau. Flávio é o comandante da legenda e conduz o grupo sem defecções para apoiar Kerginaldo; embora haja aqui e ali alguma resistência, esta é tão silenciosa quanto mutável. O grupo vai forte e unido em busca da permanência no poder.

Subestimado por muitos, Kerginaldo pode ser a grande surpresa do pleito, justamente pela falta de habilidade da oposição, que não tem discurso e nem representatividade para combater o atual governo.

EDUARDO LEMOS

O nome mais forte da oposição é o do médico Eduardo Lemos, que já foi candidato duas vezes e derrotado por Flávio em ambas tentativas. Contrariado com os resultados, processou Flávio várias vezes, acusando-o de compra de votos. Conseguiu vitórias parciais e manteve acesa a chama da oposição. Mas não por muito tempo.

Em 2008, Eduardo não foi candidato; poderia apenas ter observado a disputa entre Flávio e José Antonio Menezes. Cometeu o grande erro de sua vida: quando ninguém imaginava, anunciou apoio aquele a quem acusara de comprar votos e outras coisas mais graves: Flávio Veras é apoiado por Eduardo Lemos e ganha a eleição, prometendo que apoiaria o médico em sua sucessão. Eduardo foi vítima de Flávio pela terceira vez.

No final do ano passado, Eduardo rompeu com Flávio e tenta se viabilizar pela oposição. Com a adesão a Flávio, ele perdeu parcela expressiva de quem admirava sua independência e sua história de vida.

Na oposição, também já não goza do prestígio que teve quando foi candidato pela primeira vez, com um discurso de combate à corrupção, pela moralidade e em busca do desenvolvimento. Como lutar pela moralidade se votou em Flávio? É paradoxal; incompatível.

Eduardo ainda é um nome forte, não tanto quanto ostentou em passado recente. Porém, se não cometer erros de autossuficiência e vaidade exacerbada, pode unir a cidade em torno de seu projeto e ganhar a eleição. Não é fácil. Seria uma barbada se ele não tivesse bebido da água contaminada de Flávio, mas ainda poderá surpreender e reconquistar o eleitorado.

ODETE LOPES

Odete Lopes é uma vereadora atuante que sonha em ser prefeita de Macau. É vítima de um desgaste que insiste em ficar impregnado em sua imagem, prejudicando uma candidatura majoritária, fruto de uma rejeição que a impede de ser ‘consenso’ de um grupo oposicionista.

Foi eleita pelo PPS, votou em Iberê para governador, mas aderiu a Rosalba e se filiou ao DEM, numa manobra feita pelo ex-prefeito José Antonio Menezes, que foi sepultado politicamente por obra e graça do prefeito Flávio Veras, que o tornou inelegível por oito anos, deixando-o de fora da disputa.

Sem poder concorrer, Zé Antonio buscou em Rosalba, apoio para tentar emplacar a candidatura de Odete. Foi uma jogada inteligente, já que a vereadora terminou se filiando ao ‘partido da governadora’, o que pode ser uma força a mais para tentar viabilizar sua difícil candidatura. O que não é muito fácil.

Sem discurso, Odete tenta se amparar em uma fortuna que o marido aparenta ter e que ameaça gastar para tentar eleger a mulher.

BOSCO AFONSO

Bosco Afonso é o atual secretário de Meio Ambiente de Natal, que também sonha em ser prefeito de Macau. É um sonho distante da realidade, haja vista sua fragilidade em termos de apoio popular e respaldo de lideranças políticas.

É um nome sem arestas, mas também sem votos; além disso, o desgaste da prefeita de Natal, Micarla de Sousa, contamina sua possível candidatura, que não decolou e não repercute.

Portanto, esse é o quadro da sucessão em Macau no momento. É possível que mude tudo; como também é possível que tudo permaneça como está e Flávio Veras eleja o sucessor e permaneça governando a Terra das Salinas através de um preposto.

Afinal, Flávio Veras sabe transformar dinheiro em voto e a oposição perdeu a força de combatê-lo por ter chegado perto demais dele.

FONTE: TULIO LEMOS


POSTADO POR CLEUMY CANDIDO FONSECA ÁS 08:48

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