3 de mar. de 2014

"Não existe a possibilidade de se ter uma eleição por W.O", afirma Fernando Mineiro

Mineiro afirma que vai demorar anos para recuperar o RN

Mineiro afirma que vai demorar anos para recuperar o RN




O deputado estadual Fernando Mineiro (PT) é um dos principais entusiastas da aliança entre PT e PSD na disputa para o Governo do Estado. Nesta entrevista, ele faz uma avaliação sobre o entendimento entre as duas agremiações e critica as especulações sobre eventuais dificuldades na chapa proporcional. Mineiro também analisa o governo Rosalba.
O Mossoroense: O diretório municipal do PT de Natal anunciou apoio a Robinson Faria. Como o senhor avalia essa decisão?
Fernando Mineiro: A decisão será estadual. Estamos em um processo de discussão com o PSD. Fizemos uma reunião para definir um calendário de discussões com vistas às eleições. Vamos debater os problemas e sentir a reação da sociedade nessa caminhada. Mas a decisão sobre a questão da aliança será no encontro estadual do partido em abril ou maio. Nós temos até o dia 3 de março para propor a aliança com candidatos de outros partidos. O PT tem toda uma dinâmica para apresentar propostas de alianças com outros partidos. É aí que vai surgir uma aliança, mas ainda não temos uma decisão tomada. Eu tenho uma leitura de que nesta eleição teremos grandes chances de ter uma aliança com o PSD.
OM: O que faltou para o PT se entender com o PMDB no Rio Grande do Norte?
FM: Faltou um "detalhe" que foi a inclusão do PT na chapa do Senado. Eu tinha colocado meu nome como pré-candidato ao Governo pelo PT. Mas nacionalmente a prioridade do PT era e é a candidatura ao Senado. Numa reunião do comando nacional com a comissão local do PT, nós fomos informados que o processo de discussão com o PMDB estava andando com eles indicando o candidato ao Governo e nós o candidato ao Senado. Diante desse quadro, eu retirei a minha pré-candidatura para não atrapalhar as conversas. Mas o PMDB resolveu buscar uma aliança mais ampla e está decidido a apoiar a candidatura do PSB ao Senado. Fez uma outra aliança com partidos com outras aspirações nacionais. A nossa orientação é fortalecer o partido, ter um palanque nítido e trabalhar pela candidatura ao Senado. Ao ser excluído, o PT buscou um outro caminho. Esse é o processo.
OM: Essa aliança encaminhada com o PSD pode se dizer hoje que é definitiva?
FM: Não é definitiva a aliança com o PSD. Não tem nenhuma aliança definitiva. Está sendo construída. Não temos nenhuma aliança definitiva no Estado. Eu acho que nós teremos pelo menos quatro palanques no Rio Grande do Norte. O PSD e do PT, o do PMDB com o PSB, do DEM com o PTB e o do PSOL com o PSTU. São, no mínimo, quatro palanques. Cada um apresentando as suas propostas para o Rio Grande do Norte.
OM: Isso mostra que o W.O que Henrique estava articulando está desarticulado.
FM: Não existe a possibilidade de se ter uma eleição por W.O. Na verdade seria uma nomeação. Desde 1982, quando voltamos a ter eleição direta para o Governo, a sociedade apresenta-se diante de alternativa. Se posiciona diante de alternativas. Isso é bom para a sociedade. É uma conquista democrática. Temos um debate de projetos, de caminhos alternativos e diferentes. Nomeação de Governo já passou. Todas as cidades têm pelo menos dois lados na política. Pode-se até fazer um acordo no gabinete, mas lá na base, na ponta, no mercado, na área de lazer, na escola, no assentamento, na fazenda e em todos os locais você tem os dois lados da política e não tem como acomodar, sufocar as diferenças. A tentativa de fazer um palanque só, passando por cima dessa pluralidade, tem uma reação da sociedade e isso acontecerá. A gente vai para um debate bom. Espero que a gente saia dessa discussão de chapas para a discussão de projetos para o Rio Grande do Norte.
OM: Há uma dificuldade na chapa proporcional nessa aliança. Como vocês estão tratando desse assunto?
FM: Qual o problema? Desconheço qualquer problema.
OM: Fala-se que o PT gostaria de sair isolado na proporcional?
FM: Olha a pergunta que você está me fazendo. Fala-se: existe coisa mais especulativa do que isso? Fala-se que o PT não gostaria. É isso mesmo que você está dizendo. Fala-se: essa discussão nem foi feita ainda. Não tenho nenhuma resposta a dar sobre isso porque é o supra sumo da especulação. Quando esse assunto for discutido, a gente vai se posicionar.
OM: Não há nenhum temor dentro do PT de servir de "esteira" para o PSD?
FM: Não existe esse debate. Nós estamos debatendo a formação da chapa majoritária. Quando surgir a formação da chapa proporcional, as pessoas vão acompanhar como estão acompanhando a chapa majoritária. Não posso dizer se tem temor ou destemor porque não tem esse debate.
OM: Caminhando para esse quadro. Mineiro é candidato a deputado federal?
FM: Caminhando para esse quadro, meu nome continua à disposição. Já disse publicamente e vou repetir. Eu espero que o início de abril essa situação esteja definida porque eu não posso ficar esperando nem nós do PT que essa decisão fica para maio ou junho porque eu faço campanha discutindo projetos. Olho no olho. A gente precisa fazer o debate com as pessoas, fazer uma avaliação do meu trabalho e discutir onde a gente errou ou acertou porque eu sempre faço isso. Eu tempo um tempo para concluir se serei candidato a deputado federal ou estadual até a primeira semana de abril.
OM: Na edição do domingo passado, o deputado estadual Nélter Queiroz disse que o governo Rosalba acabou. O senhor concorda com ele?
FM: Ele está repetindo o que eu disse desde o ano passado. Acho que o Governo já acabou. É um negócio lamentável. Não vejo com nenhuma satisfação que o Governo acabou. Acho que quem sofre e sofreu é o nosso povo. Temos uma governadora que só está no cargo por força de duas liminares. A muleta dela são as liminares no TSE. É um governo muito fraco, lamentavelmente acabou como está acabando. Vão levar muito tempo para recuperar o Rio Grande do Norte.
OM: O PT propõe o que para se mostrar diferente do Governo atual?
FM: Primeiro, nós queremos discutir a modernização da gestão pública, precisamos fazer um debate sobre qual Estado que nós temos. Para que o Estado serve? A quem ele serve? Como fazer para que as instâncias funcionem. Como trazer para cá as mudanças que o Brasil tem. Temos que discutir a questão do desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Tratar de região por região. Precisamos saber quais são as políticas governamentais que interessam à sociedade. Temos que fazer isso depois do Carnaval. Por exemplo: qual a questão regional? Quais as ações dos setores fundamentais da economia, como o turismo, o comércio e o desenvolvimento incluindo a mineração, agricultura, da energia eólica e alternativas. Esse é o debate que temos que ter incluindo a saúde, a educação e a segurança. Enfim... colocar o Estado num rumo que ele possa atender as demandas da sociedade. Não queremos um salvador da pátria que queira resolver tudo de maneira autoritária. Precisamos conversar com a sociedade. Temos que ouvir a academia e fazer um movimento de debate político e não de acomodação de interesses como se está querendo fazer.
OM: O PT está aliado do PSD na eleição suplementar que caminha para ter em Mossoró. Esse entendimento teve influência na aliança estadual?
FM: Não houve influência direta. Eu diria que tanto essa aproximação estadual como essa de Mossoró representa um certo esgotamento de decisões que dizem respeito apenas aos mesmos grupos políticos. É uma tentativa de buscar outras alternativas, outros caminhos. Estamos buscando outras alternativas aqui no Estado. A sociedade vai ter a oportunidade de buscar outras opções que não aquelas que se repetem há tantos anos.
OM: Teremos quatro palanques e mais de um apoiando a presidente Dilma. O senhor acredita que ela virá ao Rio Grande do Norte fazer campanha?
FM: Ela virá fazer campanha para ela e para Michel Temer. Quem apoia vai para o palanque dos dois. Isso aconteceu em 2010. Lembra?
OM: Lembro.
FM: Uma parte do PMDB apoiava o DEM e a outra o PSB. Quando Dilma veio, quem a apoiava estava no palanque dela. Ela vai ter o palanque dela e do Temer aqui. Todos nós que apoiamos estaremos.
Bruno Barreto
Editor de Política

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