24 de mai. de 2012

Gravações revelam negociação para compra de votos e Caixa 2




Compra de votos no interior, troca de dinheiro por apoio político e busca pela emissão de notas frias para justificar a retirada de R$ 100 mil da conta de campanha de Betinho Rosado. As escutas telefônicas feitas no celular de Galbi Sadanha, em 2006, deram muito mais o que falar do que pretendiam. Isso porque por diversas vezes ele conversou com o ex-deputado Carlos Augusto Rosado e deu detalhe sobre os bastidores da campanha eleitoral que fez de Rosalba Ciarlini senadora da República – cargo que ocupou por quatro anos, antes de ser eleita governadora.
Os áudios estão disponíveis no blog do jornalista Daniel Dantas Lemos (www.blogdodanieldantas.blogspot.com.br) e, segundo ele, foram conseguidos de maneira legal, para investigar Galbi Saldanha, por acobertamento do irmão dele, acusado de pistolagem. Porém, atualmente secretário-adjunto do Gabinete Civil do Governo Estadual, Galbi foi contador das contas de campanha
de 2006, quando o DEM ainda era PFL.

Nessa posição, Galbi conversa diversas vezes com o marido de Rosalba Ciarlini, Carlos Augusto Rosado, sobre o pagamento de políticos para que eles apóiem a candidatura da atual governadora.
Além disso, Galbi aparece também conversando sobre compra de votos em Jundiá, no interior do Estado,
e tentando com Carlos Augusto conseguir notas para justificar a retirada de R$ 100 mil da conta de
campanha de Betinho Rosado, irmão de Carlos Augusto. “Esse dinheiro é de Rosalba”, falou
o marido da atual governadora do Estado.

Segundo Daniel Dantas Lemos, ao todo, foram interceptados 42 telefonemas, mas apenas algumas deles foram publicadas no blog. A Procuradoriageral da República (PGR), segundo o blogueiro, teria chegado a abrir um inquérito para apurar o Caixa 2, mas o caso não foi adiante. A partir das 18:00h, os áudios estarão disponíveis no site do Jornal de Hoje (www.jornaldehojecom.br).

“Os R$ 100 mil na conta dele é dinheiro de Rosalba”

Marido de Rosalba Ciarlini liga para Regina, secretária de Betinho Rosado, para avisar sobre o depósito de R$ 100 mil na conta de Betinho. Regina é informada por Carlos Augusto, que o dinheiro é de Rosalba e que depois ele dará uma maneira de tirar a quantia de lá.

Carlos Augusto Rosado - Regina, você está em Mossoró?
Regina: - Tou, seu Carlos.
Carlos Augusto Rosado - Você vai lá no meu birô, na gaveta do lado direito. Tem dois
envelopes, um envelope plano B, né?
Regina: - Certo.
Carlos Augusto Rosado - E um envelope plano A. Estou indo para Mossoró hoje a noite e acho que vou matar o restante do plano A e vou entrar no plano B.
Regina: - Certo.
Carlos Augusto Rosado - Você diz a Betinho Rosado que eu estou mandando botar na conta dele, não sei se entra hoje, ou amanhã ou depois, mas vai cair na conta dele R$ 100 mil.
Regina: - Na conta da campanha, não é isso?
Carlos Augusto Rosado - Na conta da campanha dele.
Regina: - Tá ok.
Carlos Augusto Rosado - Esse dinheiro não é dele.
Regina: - Eu sei.
Carlos Augusto Rosado - Certo? É apenas para passar na conta dele, para ele se arrumar nisso aí.
Regina: - Tá bom.
Carlos Augusto Rosado - Esse dinheiro é de Rosalba.
Regina: - Tá ok.
Carlos Augusto Rosado - Quando entrar na conta dele a gente vê como sai para voltar para Rosalba.
Regina: - Sou eu o responsável pela conta, sou eu que assino os cheques, a gente vê. Está bem?
Carlos Augusto Rosado - Então pronto. Você já fica sabendo que vai cair R$ 100 mil aí.

“Casa que tenha 5 votos, tem que deixar R$ 200,00”
Galbi Saldanha conversa com alguém não identificado sobre a possibilidade de comprar votos na cidade de Jundiá e a ‘liderança’ estabelece o valor que deve ser dispendido por uma família para garantir o voto a Rosalba para o Senado em 2006.

- Olhe, o negocio é meio agressivo.
Galbi Saldanha: - Sei.
- Para se conseguir voto para deputado, a grande maioria tem que desembolsar alguma coisa. tem jeito não.
Galbi Saldanha: - Certo. eu sei disso.
- Agora eu queria ver com você. Porque olhe, a média para você chegar numa casa daquela, tem até um preço, é até um negocio chato, mas é verdade.
Galbi Saldanha: - Eu sei disso.
- Numa casa que tenha cinco votos, você tem que tentar deixar ali pelo menos 200 reais. Aí pergunto a você: você quer investir alguma coisa.
Galbi Saldanha: - Vamos, vamos.
- Ai eu preciso ver quanto é que você pode dispor para eu poder negociar lá, porque é nessa faixa.

Carlos Augusto pergunta a Galbi Saldanha como poderia tirar os R$ 100 mil que foram depositados na conta de Betinho Rosado e sugere o uso de notas fiscais para legalizar a prestação de contas da campanha perante a Justiça Eleitoral.

Carlos Augusto Rosado - Como é que eu tiraria o dinheiro da conta de campanha de Betinho Rosado em Mossoró?
Galbi Saldanha: - Precisa de um... Ele vai justificar pagamento de que? De combustível? Alguma coisa?
Carlos Augusto Rosado - É. Ele pagou 20 mil reais de combustível, mas ficou 80 ainda.
Galbi Saldanha: - É. O problema é esse...
Carlos Augusto Rosado - Como é que a gente faz?
Galbi Saldanha: - Tem que pegar nota de alguma coisa, né?
Carlos Augusto Rosado - Pegar nota, né?
Galbi Saldanha: - É.
Carlos Augusto Rosado - Não pode tirar e botar na conta de amigos e depois mostrar as notas não?
Galbi Saldanha: - Não, pode não.
Carlos Augusto Rosado - Pode não? Tem que mostrar as notas?... Você não pagou o avião, não tem notas?
Galbi Saldanha: - Não, pago, mas a nota foi emitida no dia que eu paguei.

Galbi Saldanha conversa com Carlos Augusto Rosado sobre valores que serviriam para efetuar pagamentos a políticos que estariam apoiando a candidatura de Rosalba Ciarlini ao Senado e discutem sobre como fazer os depósitos em pequenas quantias.
Carlos Augusto Rosado - Eu queria mandar 25 reais nessa conta aí para você passar para Renato Dantas
Galbi Saldanha: - Certo.
Carlos Augusto Rosado - Certo?
Galbi Saldanha: - Eu queria mandar 12.500 para você passar para "Valeu Boi"... Como é o nome dele?
Carlos Augusto Rosado - Edivan.
Galbi Saldanha: - Edivan! Aí eu queria mandar na conta da Caixa Econômica. Voce tem aquela conta de Tereza?
Carlos Augusto Rosado - Hunrum... Tenho sim. Só um minuto...
Carlos Augusto Rosado: - Galbi, voce entendeu essa situação, né?
Galbi: - Entendi.
Carlos Augusto Rosado - Voce explica que 25 é para Renato e 12,50 para valeu boi.
Galbi: - Certo.
Carlos Augusto Rosado - Voce diz que amanhã de manhã, ou de tarde, voce diz que está chegando a encomenda. Para valeu boi
eu estou mandando só metade do que devo e para Renato também só metade do que devo.
Galbi: - Certo, ok.
Carlos Augusto Rosado - Voce registra aí.
Galbi: - Estou querendo que voce me localize aí... Cadê Júnior Queiroz, qual o número dele?
Carlos Augusto Rosado - Até dinheiro parece quando ganha, jovem. As mãos do velhinho aqui tá uma beleza.
Galbi: -Pois é.
Carlos Augusto Rosado: - Galbi.
Galbi: - Pois não.
Carlos Augusto Rosado: - O dinheiro que vai cair na sua conta não vai dar para pagar nem a Renato, nem a Edvan. Você já avisou aos dois?
Galbi: - Não. Ia avisar agora, as 5h.
Carlos Augusto Rosado: - Vai ter, o importante é que vai ter.
Galbi: - Sei...
Carlos Augusto Rosado: - Então, vai cair um dinheiro na sua conta. Vou mandar depositar 20, 20 depósitos de 3 mil reais.
Galbi: - Sei
Carlos Augusto Rosado: - Esse dinheiro amanhã eu oriento onde você vai botar.
Galbi: - Sei
Carlos Augusto Rosado: - Que é para fazer o laço daquele material de José Adécio, que é para o Governo
Galbi: - Hunrum...
Carlos Augusto Rosado: - São coisas pequenas

UMARIZAL 24 DE MAIO DE 2012 ÁS 09:14

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