Roberto Lucena
Repórter
A
seca que castiga o interior do Estado deve dar uma trégua a partir do
próximo mês. De acordo com previsões da Empresa de Pesquisa Agropecuária
do Rio Grande do Norte (Emparn), a quadra chuvosa – que geralmente
inicia no mês de março e segue até o mês de junho – pode ter início na
segunda quinzena de dezembro. No entanto, as chuvas previstas ainda para
este ano não serão suficientes para abastecer os reservatórios que
estão em colapso. O prognóstico é baseado em observações das frentes
frias e temperatura do Oceano Atlântico.
A
informação é do chefe do setor de meteorologia da Emparn, Gilmar
Bistrot. Segundo o especialista, o Atlântico Norte tem apresentado, nos
últimos meses, condições favoráveis para formação de chuvas na região
Nordeste. “Há uma anomalia no Oceano com águas mais frias. Isso é
importante para que haja uma influência no vento e possa fazer com que a
zona de convergência desça para o Nordeste”, contou.
Ao
mesmo tempo, a região Sudeste do país presencia a formação de frentes
frias que favorecem o surgimento de chuvas. Essas frentes, já atuam
também no Sul de alguns Estados do Nordeste, como Piauí, Maranhão e
Bahia. Algumas chuvas já foram registradas nesses locais.
O
somatório do resfriamento do Atlântico Norte – que desencadeia a
formação de ventos e a descida da zona de convergência para o Nordeste –
com as frentes frias oriundas do Sudeste resultarão, possivelmente, em
chuvas no interior do Rio Grande do Norte. “Isso deve ocorrer na segunda
quinzena de dezembro. As mudanças ocorrem devagar e podemos ter uma
ocorrência prematura de chuvas especialmente no interior do Estado”,
explicou Bistrot.
O
meteorologista disse ainda que a previsão tem uma margem de erro e as
chuvas não devem resolver o problema de colapso enfrentado na metade dos
reservatórios do Estado. Atualmente, quatro municípios (Carnaúba dos
Dantas, Rodolfo Fernandes, Tenente Ananias e Paraná) estão em situação
de colapso no abastecimento de água fornecido pela Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) em decorrência da escassez de
água nos mananciais.
“Essas
primeiras chuvas não vão resolver, a exemplo do que ocorreu em São
Paulo, o problema dos reservatórios. As chuvas virão, mas não serão
suficientes”, contou o meteorologista. Bistrot disse ainda que as chuvas
devem ficar concentradas no interior do Estado. “As precipitações no
Litoral só serão observadas em 2015”, pontuou.
El Nino
Se
por um lado alguns fenômenos vão favorecer à antecipação da quadra
chuvosa no interior do Estado, as previsões apontam também que o El Nino
– evento climático que pode ser definido como o aquecimento anormal das
águas no Oceano Pacífico e enfraquecimento dos ventos alísios – deve
interferir na continuidade das precipitações a partir do fim do mês de
abril.
“De
acordo com o quadro atual, teremos o fenômeno El Nino ocorrendo e
impossibilitando mais precipitações em maio”, informou Gilmar Bistrot.
Ou seja, a quadra chuvosa, pelo menos no interior do RN, deve iniciar
mais cedo, mas não vai se prolongar até o mês de junho.
Todas
as previsões e prognósticos apontados pelo meteorologista da Emparn
serão avaliados na próxima reunião com os meteorologistas do Nordeste. O
encontro ainda não tem data e local definidos. Da reunião, sairá a
previsão final para o inverno no semiárido nordestino. “Somente com
outras informações dos meses de novembro e dezembro, poderemos definir
um prognóstico mais detalhado”, disse Bistrot.
Tribuna do Norte.
Fonte: J.Belmont
Fonte: J.Belmont
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