28 de ago. de 2014

Bonner e Poeta interrompem presidenciáveis 32 vezes em entrevistas no “JN”.

Ao fim do ciclo de entrevistas com presidenciáveis no “Jornal Nacional” –Marina Silva, do PSB, foi a última a passar pela bancada–, os âncoras do telejornal da TV Globo interromperam os cinco candidatos à Presidência da República convidados em 32 oportunidade e consumiram, em média, um terço do tempo das entrevistas com perguntas e interrupções.

A candidata do PSB foi entrevistada na quarta-feira (27) pelos apresentadores Willian Bonner e Patrícia Poeta. Dos 15 minutos e 16 segundos que durou a entrevista, a candidata falou por 10 minutos e cinco segundos. O restante do tempo foi utilizado pelos dois jornalistas, que fizeram seis perguntas à candidata e interromperam suas respostas em oito oportunidades.

Foram cinco entrevistas com presidenciáveis, de 15 minutos cada, à exceção da de Marina Silva, que teve 16 segundos a mais, e da de Dilma Rousseff (PT), que excedeu o tempo em 50 segundos. Passaram pela bancada do “JN”, além de Marina e Dilma, o então candidato do PSB Eduardo Campos –que fora entrevistado na véspera do acidente aéreo que provocou sua morte–, Aécio Neves (PSDB) e Pastor Everaldo (PSC).
Entenda a medição do UOL

A reportagem do UOL mediu o tempo que cada candidato teve para dar suas respostas, quantas vezes foi interrompido pelos apresentadores e quanto tempo de sua entrevista teve consumido pelas perguntas dos apresentadores do telejornal.

Para efeito do cálculo, o UOL considerou como interrupção as vezes em que os entrevistadores passaram a falar enquanto o candidato ainda respondia a uma pergunta, fazendo com que ele interrompesse sua fala para ouvir os jornalistas da Globo.

Não entraram na conta as vezes em que os candidatos continuaram falando, e os jornalistas desistiram de concluir suas intervenções.

Para crítico do UOL, postura incisiva dos entrevistadores dá tom de confronto

A entrevista com Marina Silva, a última do ciclo, consolida o formato adotado pelo telejornal, de confrontar os candidatos com perguntas “incômodas e desconfortáveis”, como definiu Bonner, nas redes sociais, ao rebater críticas que recebeu por sua postura nas entrevistas.

Para o crítico de TV e jornalista do UOL Maurício Stycer, o tom de confronto que assumiram as entrevistas do “JN” se deve à postura dos entrevistados diante das questões incisivas dos jornalistas.

“Os candidatos usam a técnica de responder somente a fragmentos que os interessam. Por fim, quando necessário, recorrem ao mais irritante dos expedientes, que é ignorar a pergunta e falar de outro assunto na resposta”, disse Stycer em análise sobre a série de entrevistas.

Assim, segundo Stycer, “como as perguntas não são suficientes para trazer à tona o que os entrevistadores consideram ‘a verdade’, é preciso interromper o entrevistado quando ele usa uma de suas técnicas de fuga”.

UOL

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