Ao fim do ciclo de
entrevistas com presidenciáveis no “Jornal Nacional” –Marina Silva, do
PSB, foi a última a passar pela bancada–, os âncoras do telejornal da TV
Globo interromperam os cinco candidatos à Presidência da República
convidados em 32 oportunidade e consumiram, em média, um terço do tempo
das entrevistas com perguntas e interrupções.
A candidata do PSB
foi entrevistada na quarta-feira (27) pelos apresentadores Willian
Bonner e Patrícia Poeta. Dos 15 minutos e 16 segundos que durou a
entrevista, a candidata falou por 10 minutos e cinco segundos. O
restante do tempo foi utilizado pelos dois jornalistas, que fizeram seis
perguntas à candidata e interromperam suas respostas em oito
oportunidades.
Foram cinco
entrevistas com presidenciáveis, de 15 minutos cada, à exceção da de
Marina Silva, que teve 16 segundos a mais, e da de Dilma Rousseff (PT),
que excedeu o tempo em 50 segundos. Passaram pela bancada do “JN”, além
de Marina e Dilma, o então candidato do PSB Eduardo Campos –que fora
entrevistado na véspera do acidente aéreo que provocou sua morte–, Aécio
Neves (PSDB) e Pastor Everaldo (PSC).
Entenda a medição do UOL
A reportagem do UOL
mediu o tempo que cada candidato teve para dar suas respostas, quantas
vezes foi interrompido pelos apresentadores e quanto tempo de sua
entrevista teve consumido pelas perguntas dos apresentadores do
telejornal.
Para efeito do
cálculo, o UOL considerou como interrupção as vezes em que os
entrevistadores passaram a falar enquanto o candidato ainda respondia a
uma pergunta, fazendo com que ele interrompesse sua fala para ouvir os
jornalistas da Globo.
Não entraram na conta
as vezes em que os candidatos continuaram falando, e os jornalistas
desistiram de concluir suas intervenções.
Para crítico do UOL, postura incisiva dos entrevistadores dá tom de confronto
A entrevista com
Marina Silva, a última do ciclo, consolida o formato adotado pelo
telejornal, de confrontar os candidatos com perguntas “incômodas e
desconfortáveis”, como definiu Bonner, nas redes sociais, ao rebater
críticas que recebeu por sua postura nas entrevistas.
Para o crítico de TV e
jornalista do UOL Maurício Stycer, o tom de confronto que assumiram as
entrevistas do “JN” se deve à postura dos entrevistados diante das
questões incisivas dos jornalistas.
“Os candidatos usam a
técnica de responder somente a fragmentos que os interessam. Por fim,
quando necessário, recorrem ao mais irritante dos expedientes, que é
ignorar a pergunta e falar de outro assunto na resposta”, disse Stycer
em análise sobre a série de entrevistas.
Assim, segundo
Stycer, “como as perguntas não são suficientes para trazer à tona o que
os entrevistadores consideram ‘a verdade’, é preciso interromper o
entrevistado quando ele usa uma de suas técnicas de fuga”.
UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário